Catequese

O catequista é aquele que guarda e alimenta a memória de Deus - Papa Francisco

5 Razões pelas quais um católico deve se formar na fé

Um dos pastores da Igreja que mais ressaltam a necessidade da formação cristã é Dom Héctor Aguer, Arcebispo de la Plata, o qual incentivou os leigos a se formar "nas verdades da fé para poder viver delas e adquirir critérios para discernir e avaliar as coisas do mundo".

Em seu programa "Claves para um Mundo Mejor" (Chaves para um Mundo Melhor), incentivou os cristãos a se preparar "para defender diante dos demais a fé que professamos", pois "temos que ser capazes de dar razão de nossa esperança e fazê-lo com mansidão, com respeito e com boa consciência".

No mesmo sentido de incentivar a formação intelectual, o mestre em gestão da educação, Julián Echandía, compartilhou com o Grupo ACI 5 razões pelas quais um católico deve se formar na fé.

1. Porque quem conhece a fé a ama

"Conhecer nossa fé para amá-la, porque ninguém ama o que não conhece. Os católicos devemos conhecer os conteúdos de nossa fé, porque a fé não é essencialmente sentimento, mas também é a adesão de todo o nosso ser a um conjunto de verdades", explicou Echandía.

Portanto, acrescentou, "devemos conhecer a fundo a fé da Igreja. A fé que não se conhece, não se ama".

2. Porque aprendemos a viver de modo cristão

Se quisermos servir ao Senhor e amar a Igreja, devemos nos esforçar por nos formarmos integralmente. Como podemos viver de modo cristão se não sabemos o que é nosso cristianismo? Esta formação não pode ser superficial, mas encarnada e integral. Conhecer e amar para servir.

3. Porque devemos dar razão de nossas crenças

O especialista manifestou que, para compartilhar nossa fé, devemos aprender a dar razão do que cremos.

"São Pedro convidava os cristãos a que 'estejam sempre prontos a responder para vossa defesa a todo aquele que vos pedir a razão de vossa esperança' (1Pe 3,15). Estas palavras também se aplicam a nós. Mostrar nossa convicção com argumentos", assinalou.

4. Porque permite nos defendermos

A formação do cristão é especialmente necessária em nosso tempo, já que vivemos em um ambiente contrário à fé. Atacam nossas crenças e valores através da imprensa, do governo etc.

5. Porque nos ajuda a dialogar com aqueles que estão afastados da Igreja

Finalmente, assegurou que nos formarmos ajudará ao diálogo com os irmãos afastados e de outras religiões.

"A melhor maneira de dialogar é saber bem qual é nossa fé e saber encontrar os pontos que temos em comum e os que nos diferenciam", concluiu o especialista.

PECADOS DUVIDOSOS?

Não é raro ter dúvidas de dois tipos:

- "Será que este pecado é grave, ou é só leve?"

- "Será que cometi mesmo um pecado, que consenti, ou foi só uma tentação?"

Nestes pontos, nada como a doutrina para formar a consciência e esclarecer essas dúvidas.

Lembre-se sempre de que a Igreja ensina que, para que exista pecado grave, devem dar-se, simultaneamente, três condições: "matéria grave", "plena advertência", isto é, plena consciência do que se faz, e "consentimento deliberado" (Cf. Catecismo, n. 1857).

Primeiro, "matéria grave". Uma pessoa formada sabe que é grave ofender seriamente alguém, divulgar faltas graves do próximo que outros não conhecem, dizer mentiras que causem danos a terceiros, ter condutas injustas (não pagar o que é devido por justiça, trapacear nos negócios, eliminar o verdadeiro ganhador de um concurso ou concorrência por motivos escusos, praticar sexo fora do casamento, abortar, etc.). Em caso de dúvida, deve se consultar um bom confessor.

Segundo, "consciência plena do que se faz". Não pode ser grave um mau pensamento, sentimento ou ato que ocorreram durante o sono ou num estado de semi-inconsciência. Também não costuma ser grave um rompante verbal de ira perante um estímulo forte e inesperado (o fato de não ser grave não significa que seja coisa boa, mas quer dizer que não faz perder o estado de graça e, portanto, não impede de comungar).

Terceiro, "consentimento pleno ou deliberado". É bom recordar que uma coisa é "sentir" e outra "consentir". A tentação pode-se sentir, até com violência (por exemplo, sentir com força - sem o querer nem o provocar - o desejo de agredir uma pessoa; ou um pensamento, uma fantasia, desejo ou movimento físico contrário à castidade). Mas, mesmo que a tentação seja insistente (que volte uma e outra vez, pegajosa como uma mutuca), não haverá pecado, pelo menos pecado grave, enquanto não for aceita, enquanto não se "quiser" deliberadamente ("quero mesmo fazer isso", "esse desejo sexual, eu praticaria se pudesse").

Alguém dizia, de modo expressivo e correto: "Primeiro você sentiu a tentação e, sem reparar, deteve-se um pouco nela, mas logo se acendeu na consciência o sinal vermelho: 'Isto está errado, repudia a tentação, reza e luta firmemente por afastá-la, esteja certo de que não pecou gravemente".

Ainda sobre os pecados duvidosos, lembro-lhe que a Igreja ensina que não há obrigação de confessá-los, embora quase sempre seja bom mencioná-los na confissão para obter critério, mas - como ensinava São Pio X - <<o certo deve ser confessado como certo e o duvidoso como duvidoso>>. Caso sofra do tormento da dúvida doentia, ou seja, dos escrúpulos de consciência, peça ajuda a Deus e siga fielmente as orientações do confessor. Quando for o caso - pois os escrúpulos angustiantes podem ser uma doença - consulte um médico de bom critério.

Retirado do livro: "Para estar com Deus". Francisco Faus. Ed. Cleófas e Cultor de Livros.

POR PROF. FELIPE AQUINO

Os frutos da Eucaristia

Como a Sagrada Eucaristia nos põe em comunhão íntima e profunda com o Senhor, os seus frutos são abundantes quando ela é recebida com as "disposições necessárias": estado de graça, desejo de santidade, fervor apostólico, ação de graças etc.

O Senhor diz: "Quem come a minha Carne e bebe meu Sangue permanece em mim e eu nele" (Jo 6,56). "Assim como o Pai, que vive, me enviou e eu vivo pelo Pai, também aquele que de mim se alimenta viverá por mim" (Jo 6,57).

O que o alimento produz em nossa vida corporal, a comunhão o realiza de maneira admirável em nossa vida espiritual. A comunhão da Carne de Cristo ressuscitado, "vivificado pelo Espírito Santo e vivificante" (PO 5), conserva, aumenta e renova a vida da graça recebida no Batismo. Este crescimento da vida cristã precisa ser alimentado pela comunhão eucarística, pão da nossa peregrinação, até o momento da morte, quando nos será dado como viático.

A comunhão livra-nos do pecado

O Corpo de Cristo que recebemos na comunhão é "entregue por nós", e o Sangue que bebemos é "derramado por muitos para remissão dos pecados". Por isso a Eucaristia purifica-nos ao mesmo tempo dos pecados cometidos e preserva-nos dos pecados futuros. Santo Ambrósio dizia:

"Se anunciamos a morte do Senhor, anunciamos a remissão dos pecados. Se, toda vez que o Sangue é derramado, o é para a remissão dos pecados, devo recebe-lo sempre, para que perdoe sempre os meus pecados. Eu que sempre peco, devo ter sempre um remédio" (Sacr. 4,28).

O Concílio de Trento ensinou que como o alimento corporal serve para restaurar a perda das forças, a Eucaristia fortalece a caridade que, na vida diária, tende a arrefecer; e esta caridade vivificada apaga os pecados veniais (DS 2638). Ao dar-se a nós, Cristo reativa o nosso amor e nos torna capazes de romper as amarras desordenadas com as criaturas e de enraizar-nos nele. É por isso que muitos vícios (bebida, jogo, cigarro, drogas, masturbação etc.) são deixados quando a pessoa comunga com frequência.

Acima de tudo a Eucaristia nos preserva dos pecados mortais futuros; isto é da perda da graça santificante e da amizade de Deus. Quanto mais participarmos da vida de Cristo e quanto mais progredirmos na sua amizade, tanto mais difícil dele separar-nos pelo pecado mortal.

A comunhão renova, fortalece e aprofunda a nossa incorporação à Igreja, realizada já pelo Batismo. No Batismo fomos chamados a construir um só Corpo (1 Cor 12,13). A Eucaristia realiza isto.

"O cálice de bênção que abençoamos não é comunhão com o Sangue de Cristo? Já que há um único pão, nós embora muitos, somos um só Corpo, visto que todos participamos deste único pão" (1 Cor 10,16-17).

A Eucaristia compromete-se com os pobres

S. João Crisóstomo dizia: "Degustaste o Sangue do Senhor e não reconheces sequer o teu irmão. Desonras esta própria mesa, não julgando digno de compartilhar do teu alimento aquele que foi julgado digno de participar desta mesa. Deus te libertou de todos pecados e te convidou para esta mesa. E tu, nem mesmo assim, não te tornaste mais misericordioso" (Hom. In 1Cor 27,5).

Para receber, na verdade, o Corpo e o Sangue de Cristo entregues por nós, devemos reconhecer o Cristo nos mais pobres, seus irmãos; especialmente os famintos, nus, presos e enfermos (Mt 25,40). A madre Teresa de Calcutá ensinava às suas irmãs a adorarem o Cristo no Sacrário antes de o socorrerem nas ruas na presença do pobre necessitado.

Ensinamentos dos Santos sobre a Eucaristia

São João Crisóstomo: "Deu-se todo, não reservando nada para si". "Não comungar seria o maior desprezo a Jesus que se sente doente de amor" (Ct 2,4-5).

São Boaventura: "Ainda que friamente aproxime-se [para comungar] confiando na misericórdia de Deus".

São Francisco de Sales: "Duas espécies de pessoas devem comungar com frequência: os perfeitos para se conservarem perfeitos, e os imperfeitos para chegarem à perfeição".

Santa Teresa de Ávila: "Não há meio melhor para se chegar à perfeição". "Não percamos tão grande oportunidade para negociar com Deus. Ele [Jesus] não costuma pagar mau a hospedagem se o recebermos bem".

"Devemos estar na presença de Jesus Sacramentado, como os Santos no céu, diante da Essência Divina".

São Bernardo: "A comunhão reprime as nossas paixões: ira e sensualidade principalmente". "Quando Jesus está presente corporalmente em nós, ao redor de nós, montam guarda de amor os anjos".

Santo Ambrósio: "Eu que sempre peco, preciso sempre do remédio ao meu alcance".

São Gregório Nazianzeno: "Este pão do céu requer que se tenha fome. Ele quer ser desejado". "O Santíssimo Sacramento é fogo que nos inflama de modo que, retirando-o do altar, espargimos tais chamas de amor que nos tornam terríveis ao inferno".

São Tomás de Aquino: "A comunhão destrói a tentação do demônio".

Santo Afonso de Ligório: "Ficai certos de que todos os instantes da vossa vida, o tempo que passardes diante do Divino Sacramento será o que vos dará mais força durante a vida, mais consolação na hora da morte e durante a eternidade".

São Pio X: "A devoção à Eucaristia é a mais nobre de todas as devoções, porque tem o próprio Deus por objeto; é a mais salutar porque nos dá o próprio autor da graça; é a mais suave, pois suave é o Senhor".

"Se os anjos pudessem sentir inveja, nos invejariam porque podemos comungar".

Santo Agostinho: "Não somos nós que transformamos Jesus Cristo em nós, como fazemos com os outros alimentos que tomamos, mas é Jesus Cristo que nos transforma nele".

"Sendo Deus onipotente, não pode dar mais; sendo sapientíssimo, não soube dar mais; e sendo riquíssimo, não teve mais o que dar".

"A Eucaristia é o pão de cada dia que se toma como remédio para a nossa fraqueza de cada dia".

"Na Eucaristia Maria perpetua e estende a sua maternidade".

São Gregório de Nissa: "Nosso corpo, unido ao Corpo de Cristo, adquire um princípio de imortalidade, porque se une ao Imortal".

São João Maria Vianney: "Cada hóstia consagrada é feita para se consumir de amor em um coração humano.

Santa Teresinha: "Não é para ficar numa âmbula de ouro, que Jesus desce cada dia do céu, mas para encontrar um outro céu, o da nossa alma, onde Ele encontra as suas delícias".

"Quando o demônio não pode entrar com o pecado no santuário de uma alma, quer pelo menos que ela fique vazia, sem dono e afastada da comunhão".

Santa Margarida Maia Alacoque: "Nós não saberíamos dar maior alegria ao nosso inimigo, o demônio, do que afastando-nos de Jesus, o qual lhe tira o poder que ele tem sobre nós".

São Felipe Néri: "A devoção ao Santíssimo Sacramento e a devoção à Santíssima Virgem são, não o melhor, mas o único meio para se conservar a pureza. Somente a comunhão é capaz de conservar um coração puro aos 20 anos. Não pode haver castidade sem a Eucaristia".

Santa Catarina de Gênova: "O tempo passado diante do Sacrário é o tempo mais bem empregado da minha vida".

São João Bosco: "Não omitais nunca a visita a cada dia ao Santíssimo Sacramento, ainda que seja muito breve, mas contanto que seja constante".

"Quereis que o Senhor vos dê muitas graças? Visitai-o muitas vezes. Quereis que Ele vos dê poucas graças? Visita-o poucas vezes. Quereis que o demônio vos assalte? Visitai raramente a Jesus Sacramentado. Quereis que o demônio fuja de vós? Visitai a Jesus muitas vezes. Querei vencer ao demônio? Refugiai-vos sempre aos pés de Jesus. Quereis ser vencidos? Deixai de visitar Jesus..."

Retirado do livro: "Eucaristia - Coleção Sacramentos". Ed. Canção Nova.

POR PROF. FELIPE AQUINO

Os Leigos

Sem dúvida, a valorização do leigo na vida eclesial foi uma das mais importantes contribuições do Concílio Vaticano II à vida religiosa. O documento "Apostolicam  Actuositatem"foi aprovado na oitava sessão, em 18 de Novembro de 1965. Abriu grandes perspectivas, possibilitando maior e benéfica atuação do laicato. Entre inúmeras atividades e novos campos de trabalho, estão as pequenas comunidades
de base. Nelas, o fiel, fundamentado na leitura e reflexão da Palavra de Deus,aperfeiçoa sua missão, decorrente do Batismo, da Confirmação e de contacto mais vivo, frutuoso com os irmãos, pela facilidade de estabelecerem relações entre grupos menores. O anonimato dos maiores aglomerados, mesmo dentro de um mesmo templo e paróquia, cede espaço ao acolhimento e mútuo conhecimento. Diz o Santo Padre, em sua recente Exortação Pós-Sinodal "Igreja na América" (nº41): "A paróquia é um lugar privilegiado (...) Por isso, é oportuna a formação de comunidades e de grupos eclesiais de tal dimensão, que permitamestabelecer verdadeiras relações humanas".

Esses novos horizontes que foram criados, devem ser constantemente conferidos com a doutrina. As interpretações pessoais, particulares, mesmo oriundas de cristãos zelosos e de elevado nível, sempre estão sujeitas ao Magistério vivo, deixado por Cristo, para governar a obra que fundou. O entusiasmo pelo novo, a descoberta de outros horizontes, pode ser destrutivo quando insinua edificar uma Igreja sem claro
reconhecimento da hierarquia.

Ela é a expressão da estrutura divina da Igreja. Jesus Cristo, como homem, embora sendo Senhor, vive sob o olhar do Pai; quer fazer sempre a vontade de quem O enviou: "Pai, se é de teu agrado (...) Não se faça, todavia, a minha vontade, mas sim a tua" (Lc 22,42). Seu último testemunho é a entrega obediente, aceitando a Cruz. Ele quer que sua obra seja o exemplo que nos legou. Devemos ser testemunhas do Senhor Jesus, no Espírito Santo (cfr Jo 15, 26s). Fiel a essa exigência, São Paulo assim se expressa: "Sede meus imitadores, como eu mesmo o sou de Cristo" (1 Cor 11,1).

Essa estrutura hierárquica estabelecida por Cristo, como fundamento de sua Igreja, não se confunde com o conceito monárquico nem democrático. Qualquer paradigma sócio-político é inadequado. A autoridade da mesma não é fundada na convergência da vontade popular. Esta merece apreço, mas não se torna, por si mesma, sinal de veracidade ou exigência a ser cumprida.

Acresce que a expressão "Povo de Deus" não é a única imagem a revelar a essência da instituição fundada por Jesus. Há diversas outras, de igual valor, que se completam para nos mostrar a riqueza do ensinamento divino. Ver a Igreja como Corpo Místico de Cristo é fundamental para entendê-la e nos ajuda a obedecer aos que foram chamados a governar esse mesmo Povo de Deus. Jesus a comparou a um rebanho com o pastor. Ela é um serviço à comunidade. Trata-se da presença amorosa do Divino Redentor. Conserva essa característica mesmo quando corrige ou pune. Isto, quando assim o exige o bem comum ou o proveito do próprio fiel.
São Paulo, que tanto exalta a santidade dos leigos pela habitação do Espírito Santo, com não menor clareza propõe e impõe o dever que o Senhor lhe deu:
"Em nome de Cristo, exercemos a função de embaixadores e, por nosso intermédio, é Deus mesmo que vos exorta" (2 Cor 5,20). No uso dessa autoridade, o Apóstolo chega a excluir alguém da comunidade dos fiéis (Cfr 1 Cor 5,2-12): O Sacerdócio ministerial , em nome e com o poder de Jesus Cristo, recebeu o encargo de "formar e reger o Povo de Deus" ("Lumen Gentium" 10,2).

O cristão batizado que recebeu o sacramento da Ordem desde que viva em comunhão com o Papa, Sucessor de Pedro, e o Colégio Episcopal, continuador dos Apóstolos dá à comunidade a chancela de autenticidade cristã. E leva ao Povo de Deus a graça divina, pelos
sacramentos. Seus gestos e palavras sacramentais são realmente poder redentor de Cristo no meio do povo.

À luz dessa doutrina católica o verdadeiro fiel proclama a importância do leigo e das organizações laicais. Ela em nada diminui a vitalidade e o valor dos mesmos, pois somente pela inserção na árvore que é Cristo, poderá produzir frutos duradouros. Nós queremos a Igreja conforme Jesus a organizou e não segundo o parecer e interpretações dos homens. Todo ensino discordante do que vem do Senhor através do Magistério, deve ser corrigido. Calar-se diante dele é atraiçoar a missão confiada por Jesus aos pastores de seu rebanho. As afirmações, mesmo parcialmente inexatas são, talvez, mais danosas que o próprio erro integral, pela facilidade de serem aceites, acobertadas em parcelas de verdade. Assim, cita-se o Concílio Ecuménico mas seu espírito, nos pontos essenciais, é abandonado. Insinua-se, sob o título "Uma Igreja, Povo de Deus", sem uma autêntica
hierarquia.

Ao proclamar o valor dado hoje ao laicato, que deve ser firmemente aceito e vivido, não devemos esquecer que, em nossos dias, não lhes foi outorgado algo de novo, pois sempre na Igreja o leigo ocupou espaço. Sua participação, isto sim, teve incentivada sua importância nos desafios dos nossos tempos. O mesmo se diga da posição da Bíblia no crescimento da vida de cada fiel.

Para nós, católicos, há um ponto de referência que nos assegura o caminho certo: estar em comunhão com o Magistério, obedecer às diretrizes do sucessor daquele a quem Cristo confiou a sua grei: "Pedro (...) apascenta minhas ovelhas" (Jo 21,17).

Autor: D. Eugénio de Araújo Sales
Fonte: Lista "Reflexões"

A vocação dos leigos

Os leigos são todos os cristãos, exceto os membros das Sagradas Ordens ou do estado religioso reconhecido na Igreja, isto é, os que foram incorporados a Cristo pelo Batismo, que formam o Povo de Deus, e que participam da função sacerdotal, profética e régia de Cristo.

Os cristãos leigos estão na linha mais avançada da vida da Igreja; e devem ter uma consciência clara, não somente de pertencerem à Igreja, mas de "serem" Igreja, isto é, a comunidade dos fiéis na terra sob a direção do chefe comum, o Papa, e dos Bispos em comunhão com eles. Eles são a Igreja.

O leigo tem como vocação própria, procurar o Reino de Deus exercendo funções no mundo, no trabalho, mas ordenando-as segundo o Plano e a vontade de Deus. Cristo os chama a ser "sal da terra e luz do mundo". O leigo chega aonde o sacerdote não chega. Ele deve levar a luz de Cristo aos ambientes de trevas, de pecado, de injustiça, de violência, etc. Assim, no mundo do trabalho, levando tudo a Deus, o leigo contribui para o louvor do Criador. Ele constrói o mundo pelo trabalho, e assim coloca na obra de Deus a sua assinatura. Torna-se co-criador com Deus.

O Concílio Vaticano II resgatou a atividade do leigo na Igreja: "Os leigos que forem capazes e que se formarem para isto podem também dar sua colaboração na formação catequética, no ensino das ciências sagradas e atuar nos meios de comunicação social." (CIC §906)

Sendo assim, todos os leigos são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, "eles têm a obrigação e gozam do direito, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente por meio deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que sem ela o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito". (CIC §900)

"Os leigos podem também sentir-se chamados ou vir a ser chamados para colaborar com os próprios pastores no serviço da comunidade eclesial, para o crescimento e a vida da mesma, exercendo ministérios bem diversificados, segundo a graça e os carismas que o Senhor quiser depositar neles." (CIC §910)

Os leigos podem cooperar juridicamente no exercício do poder de governo da Igreja, participando nos concílios particulares, nos sínodos diocesanos nos conselhos pastorais; do exercício do encargo pastoral de uma paróquia; da colaboração nos conselhos de assuntos econômicos; da participação nos tribunais eclesiásticos etc. (cf. CIC §911)

O Código de Direito Canônico dá ao leigo o direito e o dever de dar a sua opinião aos pastores: "De acordo com a ciência, a competência e o prestígio de que gozam, têm o direito e, às vezes, até o dever de manifestar aos pastores sagrados a própria opinião sobre o que afeta o bem da Igreja e, ressalvando a integridade da fé e dos costumes e a reverência para com os pastores, e levando em conta a utilidade comum e a dignidade das pessoas, deem a conhecer essa sua opinião também aos outros fiéis. (CIC §907; Cânon 212,3). Assim, os leigos devem se manifestar aos outros e aos pastores, quando observa que algo errado se passa na Igreja: ensinamentos errados discordantes com o Magistério da Igreja, conduta incorreta de pessoas do clero, etc.

Os leigos devem impregnar as realidades sociais, políticas, econômicas, com as exigências da doutrina e da vida cristãs. Os papas têm chamado os leigos a atuar especialmente na política, que é boa, a arte do bem comum. O que não presta é a politicagem e o politiqueiro.

O Papa Francisco disse que a política anda suja porque os cristãos se afastaram dela. E pede para que dela participem. Vimos o povo nas ruas do Brasil, reclamando de tanta sujeira na vida pública, tanta corrupção, imoralidade e malversação do dinheiro público. Isso ocorre porque os cristãos leigos pecam por omissão política. Quantos cristãos dão seu voto a pessoas que não são idôneas, que não comungam com os valores cristãos! Muitos leigos ainda "vendem" o seu voto e a sua consciência, por um favor recebido.

João Paulo II, na "Christifidelis laici", disse que "os fiéis leigos não podem absolutamente abdicar da participação na «política», ou seja, da múltipla e variada ação econômica, social, legislativa, administrativa e cultural, destinada a promover orgânica e institucionalmente o bem comum... a opinião muito difusa de que a política é um lugar de necessário perigo moral, não justificam minimamente nem o cepticismo nem o absenteísmo dos cristãos pela coisa pública" (n.42).

O Papa Bento XVI pediu: "Reitero a necessidade e urgência de formação evangélica e acompanhamento pastoral de uma nova geração de católicos envolvidos na política, que sejam coerentes com a fé professada, que tenham firmeza moral, capacidade de julgar, competência profissional e paixão pelo serviço ao bem comum." (Discurso ao CPL, Vaticano, 15 de novembro de 2008).

Mas, para que o leigo realize esta missão tão importante na Igreja, ele tem de ser bem formado em sua fé, conhecendo bem a doutrina ensinada pelo Magistério da Igreja, especialmente o Catecismo, e viva uma vida espiritual sadia, com participação nos sacramentos, meditação da Palavra de Deus, vida de oração, meditação, participação na pastoral, penitência e caridade. Enfim, uma vida de santidade.

Prof. Felipe Aquino

A Divindade de Jesus

Os Evangelhos atestam a divindade de Jesus:

A Igreja, depois de examinar todas as coisas, com todo o rigor que lhe é peculiar, não tem dúvida de nos apresentar os Evangelhos como rigorosamente históricos. A Constituição apostólica Dei Verbum, do Vaticano II, diz:

"A santa Mãe Igreja, segundo a fé apostólica, tem como sagrados e canônicos os livros completos tanto do Antigo como do Novo Testamento, com todas as suas partes, porque, escritos sob a inspiração do Espírito Santo, eles têm Deus como Autor e nesta sua qualidade foram confiados à Igreja" (DV,11).

O Catecismo da Igreja afirma com toda a segurança:

"A Igreja defende firmemente que os quatro Evangelhos, cuja historicidade afirma sem exitação, transmitem fielmente aquilo que Jesus, Filho de Deus, ao viver entre os homens, realmente fez e ensinou para a eterna salvação deles, até ao dia que foi elevado" (n° 126).

Jesus impressionava as multidões por ser Deus, "ensinava como quem tinha autoridade e não como os escribas" (Mt. 7,29).

Ele provou ser Deus; isto é, Senhor de tudo, onipotente, onisciente, onipresente: andou sobre as águas sem afundar (Mt 14,26), multiplicou os pães (Mt 15,36), curou leprosos (Mt 8,3), dominou a tempestade (Mt 8,26), expulsou os demônios (Mt. 8,32), curou os paralíticos (Mt 8,6), ressuscitou a filha de Jairo (Mt 9,25), o filho da viúva de Naim, chamou Lázaro do túmulo, já em estado de putrefação (Jo11, 43-44), transfigurou-se diante de Pedro, Tiago e João, no Monte Tabor (Mt 17,2) e ressuscitou triunfante dos mortos (Mt 28,6)...

Os Evangelhos narram 37 grandes milagres de Jesus, sem contar os que não foram escritos. Provou que era Deus!

Só Deus pode fazer essas obras! É por isso que São Paulo disse que: "Nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade" (Col 2,9).

"Ele é a imagem do Deus invisível" (Col 1,15).

São Pedro diz, como testemunha:

"Vimos a sua majestade com nossos próprios olhos" (2 Pd 1,16).

Alguém poderia perguntar, mas quem pode provar a autenticidade dos Evangelhos?

Pois bem, a crítica Racionalista dos últimos séculos empreendeu com grande ardor o estudo crítico dos Evangelhos, com a sede maldosa de destruí-los. A que conclusão chegaram esses racionalistas materialistas que empreenderam, com o mais profundo rigor da Ciência, cujo deus era a Razão, a análise sobre a autenticidade histórica dos Evangelhos?

Prof. Felipe Aquino

Conselhos de Santa Teresa D'Ávila para uma vida de oração

1. Dirige a Deus cada um dos teus atos; oferece-os e pede-Lhe que seja para Sua honra e glória.

2. Oferece-te a Deus cinquenta vezes por dia, e que seja com grande fervor e desejo de Deus.

3. Em todas as coisas, observa a providência de Deus e Sua sabedoria, em tudo, envia-Lhe o teu louvor.

4. Em tempos de tristeza e de inquietação, não abandone nem as obras de oração, nem a penitência a que está habituado. Antes, intensifica-as, e verá com que prontidão o Senhor te sustentará.

5. Nunca fale mal de quem quer que seja, nem jamais escute. A não ser que se trate de ti mesmo. E terá progredido muito, no dia em que se alegrar por isso.

6. Não diga nunca, de você mesmo, algo que mereça admiração, quer se trate do conhecimento, da virtude, do nascimento, a não ser para prestar serviço. Mas então, que isso seja feito com humildade, e considerando que esses dons vêm pelas mãos de Deus.

7. Não veja em você senão o servo de todos, e em todos contempla Cristo Nosso Senhor; assim O respeitará e O venerará.

8. A respeito de coisas que não lhe dizem respeito, não se mostre curioso, nem de perto, nem de longe, nem com comentários, nem com perguntas.

9. Mostrai sua devoção interior só em caso de necessidade urgente. Lembra do que diziam São Francisco e São Bernardo: "Meu segredo pertence a mim".

10. Cumpra todas as coisas como se Sua Majestade estivesse realmente visível; agindo assim, muito ganhará a sua alma.

11. Que seu desejo seja ver Deus. Seu temor, perdê-Lo. A dor, não comprazer na Sua presença, a satisfação, o que pode conduzi-lo a Ele. E viverá numa grande paz.

Retirado do livro: "Orações de todos os tempos da Igreja". Prof. Felipe Aquino (org). Ed. Cléofas.

POR PROF. FELIPE AQUINO

CREIO NA COMUNHÃO DOS SANTOS

Comunhão dos Santos. Um dia uma dúvida me pairou sobre a cabeça, O que é a comunhão dos santos. Eu era recentemente, convertido, ou melhor dizendo, estava de volta a Igreja, fazia pouco tempo, tinha sido espírita durante período na juventude. Mas então, no domingo, após a missa, lá na Paróquia Imaculada Conceição, na cidade de Santo André. Resolvi perguntar ao Frei Roberto.

- Frei, a comunhão dos santos se refere a São Francisco, Santo Antônio e etc.? Me lembro da resposta!

- Sim, e não! Sim porque à estes também, mas não só estes, mas TODOS os que já se encontram na glória de Deus.

Isso quer dizer que temos santos que nem mesmo conhecemos. Mas que já vivem e participam da comunhão divina.

COMUNHÃO DOS SANTOS


A Igreja é o corpo místico de Cristo, sendo a cabeça o próprio Jesus. E todos nós pertencemos ao corpo de Cristo, que é Igreja (Ef 4, 15-16).

Mas, pela prática sincera da caridade, cresçamos em todos os sentidos, naquele que é a cabeça, Cristo. É por ele que todo o corpo - coordenado e unido por conexões que estão ao seu dispor, trabalhando cada um conforme a atividade que lhe é própria - efetua esse crescimento, visando a sua plena edificação na caridade.

Bem, unidos a Cristo, neste mundo e no outro, ainda pertencemos a Igreja, a morte não nos separa do corpo místico de Cristo, ao contrário nos leva à plena comunhão.

A Igreja nos ensina que nos reunimos em três estados: militante, padecente e triunfante. A Igreja militante somos todos nós que caminhamos nesta vida rumo a conhecimento pleno da graça de Deus. A padecente são todos aqueles que já estão salvos mas que por algum motivo esperam para de fato estarem plenos na glória. E a Igreja triunfante, são todos os santos ou todos aqueles que já alcançaram a plenitude de graça. Então, os santos não são somente aqueles que já são reconhecidos pela Igreja, que chamamos de canonizados, mas todos que participam da graça.

O Catecismo da Igreja nos ensina sobre a comunhão dos santos de forma contundente:

A união dos que estão na terra como os irmãos que descansam na paz de Cristo, de maneira alguma se interrompe; pelo contrário segundo a fé perene da Igreja, vê-se fortalecida pela comunhão dos bens espirituais (CIC p. 270 §955).

A comunhão nos reflete para o termo da própria palavra 'COMUM UNIÃO' uma única unidade em Cristo entre toda a Igreja, dos que aqui estão, os que esperam, e os que já se encontram no céu. Se acaso dissermos que alguém que já falecido não pertence a Igreja, estamos dizendo que esta pessoa já não está mais no corpo de Cristo, já não faz parte dos seus membros. O que acarretaria na condenação.

No entanto, se estamos em unidade agora, em unidade estaremos. No primeiro livro de Coríntios cap. 12, 26-27 lemos:

Se um membro sofre, todos os membros padecem com ele; e se um membro é tratado com carinho, todos os outros se congratulam por ele. Ora, vós sois o corpo de Cristo e cada um, de sua parte, é um dos seus membros.

Passarei meu céu fazendo o bem na terra. (Santa Terezinha do Menino Jesus)

Espero ter ajudado a compreender um pouco mais sobre a Comunhão dos Santos. A Igreja celebra todo ano no dia 1 de Novembro o dia de todos os Santos, façamos nós em comunhão com toda a Igreja a construção do caminho para a chegarmos ao céu.

O que é o grande mistério da Santa Missa?

O santo Sacrifício da Missa é a principal forma dos cristãos cultuar o seu Deus. Através dela se recebe as graças necessárias para bem viver a luta contra os pecados e o perdão dos pecados veniais; manter a comunhão profunda com Deus, com os irmãos e irmãs. Através do Santo Sacrifício também pode-se aplacar a ira divina, festejar a glória de Deus em Jesus Cristo, na Virgem Maria e nos Santos; também podemos levar as almas do purgatório para o céu, sem esquecer que vivenciamos o milagre de antever o gozo do céu.

Esta foi instituída pelo próprio Deus, Jesus Cristo, na última ceia, como uma forma de se mantar presente e vivo o santo sacrifício da cruz que Ele iria realizar, tornando-o perpétuo, em pró da salvação da humanidade que havia caído no pecado e estava impedida de entrar no Reino de Deus. Ao derramar Seu sangue, Jesus expiou de uma forma definitiva toda culpa, pagou toda dívida, enxugou todo o pranto, alvejou toda veste, purificou tudo que estava impuro, santificou todos que caíram no pecado. A partir desse sacrifício, temos a excelsa escolha: abraçar o Reino de Deus (pelo batismo, a vivência dos sacramentos e a fuga do pecado) ou o reino de Satanás (vivendo conforme nossas vontades, sem arrependimento).

Na Missa revivemos esse momento de Salvação. O Corpo de Deus e Seu Sangue são separados, ou seja, há imolação, assim mesmo que de forma incruenta (sem dor) acontece a morte da Vitima, Nosso Senhor Jesus Cristo. Dito isto, podemos afirmar que a Missa é a celebração e a Memória da Morte de Jesus na Cruz. Com a morte de Cristo, celebramos sua gloriosa Ressurreição, mas isso não faz da Missa uma "festa", mas sim momento de grave adoração e contemplação da glória de Deus, o que é uma "festa", mas não como a concebemos.

Assim, o Domingo se tornou o principal e mais importante de todos os dias, o dia em que os cristãos se reúnem para celebrar seu Deus morto e ressuscitado, fazer memória dos heróis da fé e fazer comunhão com o Senhor no banquete da Eucaristia. Também é um momento de convívio fraterno com os irmãos, de descanso e alegria para toda a comunidade. Ou seja, não ir a Santa Missa aos domingos é pecado mortal, pois atinge diretamente o terceiro mandamento da lei de Deus: "Guardar domingos e festas".

São Pio de Pietrelcina dizia que devemos participar da Missa "Como assistiram a Santíssima Virgem e as piedosas mulheres. Como assistiu S. João Evangelista ao Sacrifício Eucarístico e ao Sacrifício cruento da Cruz." Dizia também que "na Missa, contemplamos o Calvário".

Maria Madalena nos Evangelhos e nos Apócrifos

Maria Madalena é citada cinco vezes nos Evangelhos; não há porquê a identificar com uma prostituta. Ocorrem nos Evangelhos quatro mulheres distintas: a pecadora anônima de Lc 7, 36-50, a mulher que acompanhava Jesus e lhe servia com as suas posses (Lc 8, 1-3), a irmã de Marta e Lázaro (Jo 12, 1-12) e a mulher adúltera de Jo 8, 1-11. Nos apócrifos de origem gnóstica e maniqueia (não cristã, porque dualista) aparece Madalena como confidente de Jesus. É desta fonte que alguns autores modernos pretendem desenvolver a figura de Jesus descrita pelos evangelistas. Esta tendência carece de todo fundamento, pois a tradição cristã é diversa no tocante a Madalena após a ressurreição de Jesus.

O romancista Dan Brown, em seu "O Código da Vinci", focalizou Maria Madalena como pretensa esposa de Jesus e antepassada de uma dinastia de reis da França. Esta notícia, por mais estranha que seja, despertou a curiosidade de muitos leitores, sugerindo assim o aprofundamento de tal temática. É o que será feito nas páginas subsequentes.

1. Maria Madalena nos Evangelhos

A Madalena dos Evangelhos costuma ser identificada, desde o século VII com a pecadora que lavou os pés de Jesus com suas lágrimas, e com a irmã de Marta e Lázaro, pois esta ungiu os pés de Jesus com bálsamo. Ver Lc 7, 36-50; Lc 8, 1-3 e Jo 12, 1-11.

Esta identificação que faz de três mulheres uma só, hoje em dia não é aceita pelos melhores exegetas. Vejamos por quê.

1.1. A identificação da mulher de má vida (Lc 7, 36-50) com Madalena (Lc 8, 1-3) carece de base sólida

Eis o que se lê em Lc 8, 2s: "Acompanhavam Jesus os doze e algumas mulheres que ele havia curado de espíritos imundos e de enfermidades: Maria Madalena, da qual haviam saído sete demônios, Joana, mulher de Cuza, mordomo de Herodes, Suzana e muitas outras, que lhe ministravam com seus bens".

Detenhamo-nos sobre Maria Madalena.

O nome "Maria" era muito comum no povo de Israel; tenha-se em visto Jo 19, 25, onde se lê que, dentre quatro mulheres, três se chamavam Maria. A predileção por tal nome talvez se deva ao fato de que a irmã de Moisés se chamava Maria (cf. Ex 15, 20), tornando célebre o respectivo nome.

Daí o uso de um aposto para diferenciar as Marias; esse aposto podia ser o lugar de origem, que, no caso, era Mágdala, povoado situado à margem ocidental do lago da Galileia, 5 km ao norte da cidade de Tiberíades. É assim que se explica o nome "Maria Madalena".

O fato de ter sido possuída por sete demônios não quer dizer que fosse necessariamente uma grande pecadora. Nos Evangelhos, a filha da mulher siro-fenícia em Mc 7, 29s era possessa, mas pode-se crer, pelo contexto, que era doente; o mesmo se diga do jovem possesso "desde a infância" (Mc 9, 21): a criança não tem a responsabilidade necessária para cometer pecado grave (como se crê). Sabe-se, de outro lado, que as doenças eram atribuídas aos demônios (cf. 2Cr 16, 12); "sete demônios" (número de plenitude) significariam doença muito grave. Na base destas considerações pode-se dizer que Maria Madalena não era a pecadora que a posteridade imaginou.

1.2. As demais ocorrências de Maria Madalena nos Evangelhos

Em quatro outras passagens aparece Maria Madalena nos Evangelhos, a saber:

Mc 15,40: Madalena, com outras mulheres, contemplava Jesus atormentado na Cruz.

Mc 15,47: "Maria de Magdala e Maria, mãe de José, observavam onde depositaram Jesus descido da Cruz".

Mc 16,1: "Passado o sábado, Maria de Magdala, Maria, mãe de Tiago, e Salomé compraram perfumes para embalsamar Jesus".

Jo 20, 1-18: No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao túmulo logo de manhã. Recebeu então de Jesus a ordem de ir anunciar aos Apóstolos a Boa-Nova da Ressurreição. "Maria Madalena foi e anunciou aos discípulos: 'Vi o Senhor'".

Como se percebe, Madalena aparece nos Evangelhos em situações que lhe merecem honra. Como então pôde ser desfigurada em prostituta?

1.3. Os Equívocos

O aviltamento da figura de Maria Madalena começa pela falsa identificação com a mulher de má vida apresentada em Lc 7, 36-50. Ter sete demônios parecia indicar grave situação de pecadora. Quando Jesus a terá libertado desses maus espíritos? - A resposta parecia estar em Lc 7: a mulher caiu em prantos aos pés de Jesus, arrependida de seus pecados e recebeu do Senhor o perdão; este episódio ocorrido em casa de Simão o fariseu é colocado por Lucas logo antes da apresentação de Madalena em Lc 8; daí a fusão das duas mulheres na imagem de uma pecadora agraciada chamada Maria Madalena.

Ora tal fusão é gratuita S. Lucas fez questão de guardar o anonimato da mulher de má vida. Seja respeitada a delicadeza do evangelista!

A seguir, visto que em Jo 12, 1-12 aparece uma mulher chamada Maria a ungir os pés de Jesus com bálsamo, identificaram-na com Maria Madalena, de modo que a irmã de Marta e Lázaro passou a ser a pecadora convertida Maria de Magdala. Todavia verifica-se que tal identificação é artificial, pois a pecadora de Lc 7 banha os pés de Jesus com lágrimas e só depois disto os unge com bálsamo, ao passo que a irmã de Lázaro não chora, mas aplica diretamente os seus perfumes.

Por não levar em conta tais pormenores, vários autores chegaram a identificar Madalena ainda com uma terceira mulher, ou seja, com a pecadora adúltera de Jo 7, 53 e mais... com a samaritana de seis maridos ocorrente em 4, 17s...!

Por conseguinte tem razão a moderna exegese ao reabilitar Maria Madalena, isentando-a da nódoa de prostituta.

Passemos agora ao estudo da tradição relativa a Maria Madalena.

2. Maria Madalena na Tradição

Distinguiremos a tradição cristã e a tradição gnóstica.

2.1. Tradição cristã

Eis o que refere o famoso hagiógrafo Butler em sua obra "Vida dos Santos", t, VII (22 de julho):

"Segundo a tradição oriental, Maria Madalena, depois de Pentecostes, acompanhou Nossa Senhora e S. João até Éfeso, onde veio a falecer e foi enterrada. O peregrino inglês S. Vilibaldo teve a oportunidade de ver, lá, o seu túmulo, em meados do século VIII. Todavia, de acordo com a tradição da França, no Martirológio Romano, e conforme a concessão de diversas festas locais, ela, junto com Lázaro, Marta e outros, evangelizaram a Provença. Os últimos trinta anos de sua vida, segundo se afirma, ela os passou numa gruta formada por rochas, La Sainte Baume, no alto dos Alpes Marítimos, sendo transportada milagrosamente, instantes antes da morte, para a capela de S. Maximino. Ela recebeu os últimos sacramentos das mãos deste santo, sendo por ele enterrada".

A referência mais antiga que se conhece a respeito da vinda desses cristãos orientais até a França é do século XI, em conexão com as relíquias de S. Maria Madalena, reivindicadas pela abadia de Vézelay, na Burgúndia. A formulação da história parece ter-se espalhado pela Provença somente durante o século XIII. A partir de 1279, as relíquias de Maria Madalena, segundo consta, estão sob a custódia dos monges de Vézelay e dos frades dominicanos de Saint-Maximin, sendo ainda muito popular a peregrinação que se faz até o túmulo da Igreja desses últimos e à gruta de La Sainte Baume. Todavia, a pesquisa, especialmente por parte de Mons. Duchesne, demonstra, cada vez mais claramente, que nem as relíquias nem a história da viagem dos amigos de Nosso Senhor até Marselha podem ser consideradas autênticas. Apesar da defesa que fazem os que estão piedosamente interessados em favor da crença local, não se pode pôr em duvida que toda a história não passa de pura ficção.

Entre os outros contos curiosos e sem fundamento sobre a santa, existentes na Idade Média, está aquele que afirma que ela era noiva de S. João Evangelista, quando Cristo o chamou para ser seu discípulo. "Com isso, ela ficou indignada por ver seu noivo arrebatado dela e partiu entregando-se a toda sorte de deleites. Mas, porque não convinha que o chamamento de S. João servisse de ocasião para a sua condenação, Nosso Senhor, em misericórdia, a converteu à penitência, e, por tê-la privado do supremo deleite da carne, recompensou-a com o supremo deleite espiritual, acima de todos os demais, isto é, o amor a Deus (Legenda Áurea) ".

2.2. Tradição gnóstica

Em PR tem sido publicadas algumas explanações do que é o gnosticismo. É um sistema dualista não cristão, pois repudia a matéria, que, segundo o Cristianismo, foi criada por Deus. Propagava suas idéias por meio de escritos semelhantes aos livros da Bíblia, de modo que são chamados escritos apócrifos gnósticos.

Dentre esses escritos destaca-se, no nosso caso, a Pistis Sophia (Fé Sabedoria), obra na qual Madalena desempenha papel importante. Com efeito, de 46 questões 39 dão o predomínio às perguntas e aos dizeres de Madalena. É a interlocutora privilegiada do Senhor, dita "bem-aventurada, herdeira da luz, Maria pura e cheia do Espírito...". Interroga Jesus com firmeza e segurança, levando Jesus a responder-lhe com grande alegria. Prostra-se aos pés de Jesus, que ela adora e oscula. Jesus proclama: "Maria Madalena e João o Virgem serão superiores a todos os discípulos".

O filósofo Celso (século II) fala dos "discípulos de Mariamme", tal é a importância que a ela cabe.

No Evangelho segundo Filipe (séc. III/IV "Madalena é a mais importante das três mulheres" que caminhavam sempre com Ele: Maria, a mãe de Jesus, outra Maria, irmã de Maria Ssma., e Madalena, pois esta é, para Jesus, irmã, mãe e companheira).

Existe o Evangelho de Maria (Madalena) datado provavelmente do século II. Aí Madalena incentiva os Apóstolos a pôr em prática as palavras do Senhor e lembra-lhes a assistência permanente que Ele lhes prometeu, Pedro pede-lhe que dê a conhecer aos Apóstolos as palavras de Cristo. Então relata ela uma longa visão de Jesus, que lhe disse: "Bendita és tu, porque não hesitaste quando me viste". Perante André e Pedro, pouco dispostos a crer, Levi toma a defesa de Madalena: "Se o Senhor a julgou digna, quem somos nós para rejeitar? O Salvador, sem dúvida, a conheceu muito bem. Eis por que Ele amou a ela mais do que a nós". Maria Madalena aparece assim como a mediadora e mensageira da doutrina gnóstica: ela é colocada acima dos Apóstolos.

Como se vê, o ponto de vista é totalmente diverso do da literatura apócrifa cristã, que conserva a hierarquia "Jesus - Apóstolos", como também difere das estórias que se contavam sobre Madalena após a ressurreição de Jesus.

2.3. Tradição maniqueia

O maniqueísmo é outro sistema dualista, que os cristãos tiveram de enfrentar nos seus primeiros séculos.

Apresenta o Salmo de Heráclito, comentário poético de Jo 20, 17:

"Maria, Maria, reconhece-me e não me detenhas. Prende as lágrimas dos teus olhos e reconhece que eu sou o teu Mestre. Só te peço que não me detenhas, pois ainda não vi a face do meu Pai". Jesus confia-lhe a missão de reunir seus Apóstolos, "órfãos errantes". Ao que Maria respondeu: "Rabi, meu Mestre, cumprirei tuas ordens com alegria e de todo o meu coração". Glória e vitória à alma da bem-aventurada Maria. "O espírito da Sabedoria escolheu Maria".

Numerosos outros salmos maniqueus aparecem dedicados a Madalena.

Resta investigar as razões pelas quais Maria Madalena desempenhou papel tão saliente nesses ambientes gnósticos e maniqueus. Será tarefa árdua, pois não há muitos pontos de referência para o pesquisador nesse campo de trabalho.

2.4. Outras lendas

Existem outras lendas que desenvolveram o pensamento gnóstico a respeito de Jesus e Maria Madalena.

Com efeito, uma dessas lendas afirma que Jesus se casou com Madalena por ocasião das bodas de Cana (cf. Jo 2, 1-12), quando Jesus transformou a água em vinho - o que é inaceitável, visto que Jesus e o noivo se distinguem claramente um do outro nesse episódio.

A insistência dessa corrente inspirada pelo gnosticismo na tese de que Jesus era casado, se explica, segundo autores modernos, pelo fato de que os judeus não podiam conceber que um homem sadio e normal não se casasse; por conseguinte terão feito de Jesus o esposo de Madalena aos trinta anos ou no começo de sua vida pública. Não é necessário demonstrar longamente quão inconsistentes são tais proposições.

Mais ainda: a lenda diz que Madalena se retirou para o Sul da França levando consigo dois preciosos valores:

- o Santo Graal ou o cálice que Jesus terá usado na última ceia ou, segundo outra versão, o cálice que recolheu as gotas de sangue de Jesus pendente da Cruz. As divergências dessas estórias já contribuem para insinuar o seu caráter lendário;

- o filho que Madalena terá tido com Jesus e que se terá tornado o fundador de uma dinastia de reis da França. - Vale aqui mais uma vez registrar o caráter fantasioso e irreal dessa narrativa.

D. Estevão Bettencourt, osb
Revista: "PERGUNTE E RESPONDEREMOS"
Nº 530 - Ano 2006 - p. 341

POR PROF. FELIPE AQUINO

O que é uma relíquia sagrada?

Uma relíquia é parte do corpo de um santo ou objetos que estiveram ou foram usados por estes, aos quais os católicos, prestam veneração ou reverência.

A palavra relíquia tem origem no latim reliquiae, que significa resto.

A Igreja estabeleceu três classificações de relíquias:

Primeira classificação - parte do corpo de um santo (fragmento de osso, unhas, cabelo etc.). Temos por exemplo, as relíquias de Santa Teresa D'Ávila, que se encontram na Espanha: conservam-se seu braço e o coração. A Igreja guarda também a língua e a faringe de Santo Antônio de Pádua na Catedral de Pádua, Itália.

Segunda classificação - objetos pessoais de um santo (roupa, cajado, os pregos da cruz, e outros).

Terceira classificação - inclui pedaços de tecido que tocaram no corpo do santo ou no relicário onde uma porção do seu corpo está conservada.

É proibido sob pena de excomunhão, vender, trocar ou exibir para fins lucrativos relíquias de Primeira e Segunda Classe. As relíquias são guardadas geralmente por pessoas da família no caso de ser um objeto.

A veneração das relíquias é uma ato tão natural que se encontra também fora do catolicismo. Assim os muçulmanos guardam na mesquita de El Jazzar em Akko (Israel) alguns pelos da barba de Maomé, que todo o ano são apresentados aos devotos durante o mês do Ramadã. Em 1988 as autoridades soviéticas (comunistas), para comemorar o aniversário do Batismo da Rússia, devolveram ao Patriarca de Moscou as relíquias conservadas no Kremlin.

O costume das relíquias dos santos vem desde os primórdios do cristianismo. Primeiramente os mártires foram cultuados; o povo de Deus recolhia seus corpos e os sepultava com reverência. As sepulturas dos mártires eram visitadas por peregrinos; muitos queriam ser sepultados junto a um mártir, pois julgavam que este intercederia ainda mais por eles no Céu.

Infelizmente no passado, especialmente na Idade Média, houve muitos abusos com a veneração das relíquias, atribuindo-lhes um poder mágico, havendo comercialização e também muitas falsas relíquias.

Os Cruzados, ao voltarem do Oriente traziam consigo "maravilhosas relíquias", nem sempre verdadeiras; assim, por exemplo, segundo os Evangelhos apócrifos, a Virgem Maria teria deixado ao Apóstolo Tomé o seu véu, como testemunho da sua Assunção aos céus; isto não é verdade.

Os abusos provocaram a rejeição das relíquias por parte do protestantismo, no entanto, o Concílio de Trento analisou a questão e aprovou o seu uso correto:

"Ensinem os bispos diligentemente que devem ser venerados pelos fiéis os sagrados corpos dos santos mártires e dos outros que vivem com Cristo, [corpos] que foram membros vivos de Cristo e templos do Espírito Santo (cf. 1Cor 3, 16;6, 15.17.19; 2Cor 6,16) e que por Ele hão-de ser ressuscitados para a vida eterna e glorificados, e pelos quais concede Deus aos homens muitos benefícios.

Por isso, aqueles que afirmam que às relíquias dos santos não se deve prestar veneração e honra, ou que elas e outros sagrados restos mortais são inutilmente venerados pelos fiéis, ou que em vão se cultua a memória deles para lhes pedir ajuda: [aqueles que tais coisas afirmam] devem ser de todo condenados, como já antigamente os condenou e agora também os condena a Igreja" (Collantes, FC n. 7255).

Retirado do livro: "Por que venerar as santas relíquias?". Prof. Felipe Aquino. Ed. Cléofas.

POR PROF. FELIPE AQUINO

4 dicas de como fazer uma boa confissão

1º - Exame de consciência

O primeiro passo para uma boa confissão é o exame de consciência. Se quiser, pode fazer uma lista, para não se esquecer. E esta lista é confidencial, guarde-a num lugar secreto, pois o que anotou é uma coisa entre você e Deus. Mas se não quiser fazer uma lista, pode gravar na memória. Pode-se também, repassar os dez mandamentos para fazer algo sistemático, além de livros que te ajudam no exame de consciência. E uma boa ideia é fazer orações mentais como esses meninos.

2º - Se arrepender dos pecados

O segundo passo para uma boa confissão é sentir a dor dos seus pecados; não significa que tem que chorar, muito menos precisa que realmente sinta dor em algum lugar; somente tem que pedir perdão a Jesus, porque o mais importante é estar arrependido!

3º - Decidir não voltar ao pecado

O terceiro passo para uma boa confissão é o propósito de não voltar ao pecado, e, se muda de vida, esquece que o fez. O que importa não é prometer, mas esforçar-se para melhorar.

4º - Contar todos os pecados ao sacerdote

O quarto passo de uma boa confissão é confessar todos os seus pecados a um sacerdote. Chegado o momento de dizer os seus pecados, se aproxime do sacerdote, peça sua bênção, ele fará um pequeno pedido a Deus para que você inicie sua confissão. Ao dizer os seus pecados, caso esqueça, peça ajuda ao padre e não tenha medo nem vergonha, o sacerdote representa Jesus, ele só quer te ajudar. Nessa parte podemos tomar aquela lista confidencial. Depois disso o padre dará a penitência. Não se assuste, não é um castigo, é algo que precisa fazer para terminar de pedir perdão a Deus. Então pedirá perdão a Jesus; e, atenção, será o momento do perdão.

E, ao terminar, estará muito feliz. Jesus prometeu que quando uma pessoa se arrepende, há uma grande festa no céu.

Não se esqueça de cumprir a penitência! E se quiser saber mais sobre o sacramento da confissão, te recomendo a ler duas histórias, que pode encontrar na Bíblia: a parábola da ovelha perdida e a parábola do filho pródigo (Lc 15).

Conselhos de São João Crisóstomo aos Esposos

 "Não chameis por ela nunca duma maneira seca, mas empregai, pelo contrário, palavras aduladoras, ternas. Palavras de amor. Honrai-a e o pensamento de procurar as homenagens doutros não aparecerá, pois não terá a ideia de ir mendigar fora a afeição que encontrará em vós. Colocai-a acima de tudo pela beleza, como pela sabedoria e dai-lhe testemunho disso. Introduzi-a no amor de Deus e a vossa casa transbordará de bens.

A tua mulher terá talvez bens pessoais e dirá: 'Quando comprei isto não gastei nada do que te pertence, gastei só dos meus próprios recursos'. O quê? Depois do casamento, já não sois dois! Sois um só e pensais que há ainda duas propriedades distintas? É lamentável! Depois do casamento não formais senão um só ser, uma só vida. Por que dizeis: o teu, o meu? Esta palavra abominável e degradante é uma invenção diabólica. O criador fez um bem comum de coisas seguramente necessárias. Ninguém pode dizer: o meu sol, a minha luz, a minha água. E vós dizeis: os meus bens? Eis um vício que é preciso combater acima de tudo. Mas é preciso fazê-lo com muita delicadeza.

Queres que a tua mulher seja submissa como a Igreja o é a Cristo? Tem para com ela a solicitude de Cristo pela sua Igreja. Em rigor, pode dominar-se um servo pelo medo. Mas a companheira de tua vida, a mãe dos teus filhos, a causa da tua felicidade e da tua alegria, não a podes encadear pelo medo e pelas ameaças. Deves prendê-la pelo amor e pela delicadeza. Que união pode existir quando a mulher treme diante do seu marido? Que alegria pode ter o marido quando trata a mulher como uma escrava? Mesmo se sofreste um pouco por ela, não lhe lances isso em rosto. Cristo fez muito mais pela sua Igreja.

Mostra-lhe a felicidade que tens em viver em sua companhia e que preferes a vida de casa à da cidade. Ela ocupa um lugar antes dos amigos e antes dos filhos que te deu: faz-lhe compreender que é por causa dela que tu os amas. Quando ela fizer qualquer coisa de bem, felicita-a, e admira o seu talento. Se faz qualquer tolice, não a censures por isso. Fazei a vossa oração em comum. Aprendei a nada temer neste mundo, senão a ofender a Deus. Se um homem se casa com este espírito, então o matrimonio está muito próximo da perfeição".

Como fazer um bom momento de ação de Graças?

Conheça os conselhos de um santo...

No momento de comungar, não vos preocupeis mais com os vossos pecados, o que, além de ser uma perigosa tentação, lançar-vos-ia na tristeza e desassossego, inimigos da piedade.

Com a tranquilidade da consciência e um suave sentimento de confiança na bondade de Jesus que vos convida e vos espera, ide receber o vosso Deus de amor.

Dirigi-vos para a Santa Mesa de olhos baixos, com um andar grave e modesto, e ajoelhai-vos impressionados de alegria e felicidade do coração.

Deixai, se quiserdes, que a Santa Hóstia permaneça um momento sobre a vossa língua a fim de que Jesus, verdade e santidade, a purifique e santifique. Introduzia depois em vosso peito, no trono de vosso coração, e, abandonado em silêncio, começai a ação de graças.

A conversação interior depois da Comunhão não requer um estado de vida espiritual muito elevado. Tendes boa vontade? Jesus vos falará então e compreender-lhe-eis a linguagem.

O momento mais solene de vossa vida é o de ação de graças, em que possuis o Rei do Céu e da Terra, vosso Salvador e Juiz, disposto a vos conceder tudo o que Lhe pedirdes.

Nosso Senhor permanece pouco tempo em nossos corações, após a Santa Comunhão, porém os efeitos de sua presença se prolongam. As santas espécies são como o invólucro de um remédio, o qual se rompe e desaparece no organismo. A alma se torna então como um vaso que recebeu um perfume precioso.

Consagrai à ação de graças meia hora se vos for possível, ou, pelo menos, um rigoroso quarto de hora. Daríeis prova de não ter coração e de não saber apreciar devidamente o que é a Comunhão, se, após haver recebido Nosso Senhor, nada sentísseis e não Lhe soubésseis agradecer.

E, durante o dia, sede como um santo que tivesse passado uma hora no Céu; não vos esqueçais da visita régia de Jesus.

A ação de graças é imprescindível necessidade, a fim de evitar que a Santa Comunhão degenere num simples hábito piedoso.

Haveis de colher frutos servindo-vos dos fins do Sacrifício.

Adorai Jesus sobre o trono de vosso coração, apoiando-vos sobre o d'Ele, ardente de amor. Extrai-lhe o poder, oferecei-Lhe, em homenagem de adoração e de total submissão, as chaves de vossa morada. Proclamai-O, Senhor vosso, confessai-vos seu feliz servo, disposto a tudo para Lhe dar prazer.

Agradecei-Lhe a honra que vos fez, o amor que vos testemunhou, e o muito que vos deu nessa Comunhão! Louvai a sua bondade e o seu amor para convosco, que sois tão pobre, tão imperfeito, tão infiel! Convidai os anjos, os santos, a divina Mãe de Jesus para louvá-Lo, bendizê-Lo e agradecer-Lhe por vós. Uni-vos às ações de graças amantes e perfeitas da Santíssima Virgem.

Agradeçamos por intermédio de Maria, pois quando um filho recebe alguma coisa cabe à mãe agradecer por ele. A ação de graças identificada com a de Maria Santíssima será perfeita e bem aceita pelo Coração de Jesus.

Retirado do livro: "Flores da Eucaristia".

POR PROF. FELIPE AQUINO

Maior ação do demônio se deve a pecados contra o Primeiro Mandamento, adverte exorcista

Segundo o ACI Digital (04/01/2018), atualmente, é possível observar uma maior ação ou abertura à ação do demónio e "isso se deve principalmente pelos pecados praticados contra o Primeiro Mandamento da Lei de Deus", advertiu Pe. Pedro Paulo Alexandre, exorcista da Arquidiocese de Florianópolis, que lançou o livro 'Fenômenos Preternaturais: sobre as ações dos anjos e dos demónios'.

No livro, o sacerdote aborda o tema de maneira ampla e bastante completa, tudo fundamentado e explicado sob a ótica das Sagradas Escrituras, Teologia, magistério, mística, ascética, espiritualidade, pastoral.

Conforme indica na sinopse da obra, "assuntos de grande urgência pastoral, como cura, libertação e exorcismo, ganharam uma atenção especial, evidenciando a necessidade da Igreja em acolher, como gesto concreto de misericórdia, todos que padecem de sofrimentos ligados às ações preternaturais".

Em entrevista à ACI Digital, Pe. Pedro Paulo ressaltou que "em meio ao contexto delicado em que vivemos, em que se multiplicam práticas de superstição, ocultismo, adivinhação, magia, práticas que são proibidas nas Sagradas Escrituras (Dt 18,9-14; Lv 19,26b; 20,27; 2Rs 21,6; 23,24; 1Cr 10,13; Is 8,19...), é fundamental conhecer o que o magistério, os Papas, as conferências episcopais, especialistas, historiadores nos falam a respeito destes temas".

"É urgente ajudar as pessoas a perceberem os riscos espirituais que estão em torno dessas práticas", acrescentou.

Segundo o sacerdote, essa maior abertura à ação do demónio se deve aos pecados contra o Primeiro Mandamento, entre os quais apontou "a superstição pela qual divinizamos alguma criatura ou força criada, caindo assim na idolatria (Ex 20,2-17) ".

Além disso, outro pecado se encontra "na adivinhação". O exorcista citou Santo Afonso Maria de Ligório, que no livro 'Theologia moralis', explica que "a adivinhação dá-se quando alguém invoca a ajuda tácita ou explícita dos decénios a fim de conhecer coisas futuras contingentes - não necessárias - ou coisas ocultas que não se podem conhecer naturalmente".

Ainda fazendo referência a Santo Afonso Maria de Ligório, indicou como um terceiro pecado a "magia", uma vez que este santo esclarece que "a vã observância, tal como a adivinhação, é de sua natureza (ex genere suo) um pecado mortal. Porque atribui honras divinas às criaturas esperando dessas algo que só de Deus devemos esperar e também porque tenta entrar em pacto com o demónio".

"Através destes pecados o demônio corrompe a nossa relação com Deus", sublinhou Pe. Pedro Paulo.

Além disso, o exorcista pontuou o fato de que atualmente "vemos tantos negando a existência de Satanás e dos seus demónios".

Diante disso, recordou o que afirmou C.S. Lewis no prefácio do livro 'Cartas de um diabo a seu aprendiz', ao assinalar que "há dois erros iguais e opostos nos quais podemos cair a respeito dos demónios. Um é não acreditar em sua existência, a outra é acreditar e sentir um interesse excessivo e não saudável por eles. Eles próprios estão igualmente satisfeitos com ambos os erros".

Nesse sentido, o exorcista destacou ainda que, "conhecer a incompatibilidade que existe entre a fé católica e outras doutrinas ou crenças é algo urgente".

O padre também indicou que seu livro "visa ser, em primeiro lugar, uma contribuição para com a Igreja no Brasil. Deseja cooperar com todos que procuram compreender a partir da fé da Igreja e de grandes estudiosos a realidade da ação preternatural: principalmente a ação de satanás e dos seus demónios em nosso mundo".

"Em segundo lugar, visa ser um auxílio pastoral. Diante do sofrimento, as pessoas buscam respostas. Hoje, são muitas as pessoas feridas e machucadas que batem à porta da Igreja pedindo socorro. Aprofundar os temas ligados a ação preternatural, poderá ajudar muito no árduo processo do discernimento de cada caso", precisou.

E, "em terceiro lugar, é um convite ao estudo. Na parte final do livro, apresento como apêndices diversos textos, entrevistas e matérias sobre temas de grande relevância, os quais fui recebendo ao longo do tempo de amigos exorcistas, de grandes autores, e especialistas em diversas áreas".

Enfim, segundo o sacerdote, a obra consta de "um vasto e excelente material de formação", na qual o leitor "descobrirá a preciosidade da fé católica, os grandes tesouros espirituais que Jesus concedeu a Sua Igreja, as diversas armas que temos para travar essa batalha espiritual quotidiana".

POR PROF. FELIPE AQUINO

Fonte: https://www.acidigital.com/noticias/maior-acao-do-demonio-se-deve-a-pecados-contra-o-primeiro-mandamento-adverte-exorcista-17631/

Não Sabeis que Sois Templos de Deus?

1. Todo o cristão é chamado à perfeição da santidade

Talvez que a maior novidade do Vaticano II tenha sido declarar que todo o cristão é chamado à perfeição da santidade: "Todos os fiéis, seja qual for o seu estado ou classe, são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade". E o Concílio recorre a S. Paulo para fundamentar esta afirmação:Bendito seja Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que do alto do céu nos abençoou com todas as bênçãos espirituais em Cristo. Foi assim que Ele nos escolheu em Cristo, antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis na sua presença no amor." Já o próprio Cristo tinha levantado a fasquia até ao ponto mais alto: "Sede perfeitos como o vosso Pai do céu é perfeito".Antes do Concílio, os caminhos da perfeição eram em geral reservados aos consagrados: papas, bispos, padres, religiosos. Eram os chamados "estados de perfeição". E, de facto, em geral os santos canonizados pertenciam a estas categorias de pessoas: ou eram papas, bispos, padres ou religiosos. Os leigos e leigas, que tinham sido canonizados, só o foram não tanto pelo matrimónio, mas apesar do matrimónio. Em geral, eram viúvos ou viúvas, portanto depois de terem deixado o casamento, ou então por terem entrado na vida religiosa: S. Nuno Álvares Pereira, a rainha Santa Isabel, a princesa Santa Joana, etc.Ora aconteceu que Gianna Bareta Molla, que João Paulo II beatificou em 1994 e canonizou em 2004, era uma mulher casada, médica, mãe de quatro filhos, que tinha falecido por se ter recusado a provocar um aborto: se o não provocasse, morreria. E deixou que Deus decidisse. Esta foi a credencial para ser proclamada santa. Abriu-se assim um novo espaço para os santos, os santos leigos - ou seja, para a vocação de todos os cristãos à perfeição da santidade.E isto porquê? Porque todos os cristãos recebem o Espírito Santo. O primeiro grande momento da presença do Espírito Santo na vida do cristão acontece no Baptismo. O Baptismo é o grande Pentecostes de cada cristão. Pelo Baptismo, nós tornamos-nos da família da Santíssima Trindade, filhos de Deus; e como no seio de Maria, só o Espírito Santo pode fazer esta filiação. No Baptismo, todos recebemos o Espírito Santo em plenitude, tanto o leigo, como o padre, o bispo ou o Papa. Todos são chamados à perfeição da santidade. Não se recebe o Espírito Santo mais ou menos, a conta-gotas. Uma hóstia não está mais ou menos consagrada. Cristo não está mais numa partícula que noutra.

Está todo em cada uma. Mas os efeitos da comunhão não são iguais em todos. O Espírito Santo está todo em cada cristão, como Cristo está todo em cada hóstia consagrada, seja ela grande ou pequena. Diz S. João no diálogo com Nicodemos: Deus não dá o seu Espírito por medida. O Pai ama o Filho e entregou-lhe tudo nas suas mãos. Quem acredita no Filho tem a vida eterna" (No 3, 33-36).Por isso, como nos ensina o Cardeal Suenens, após o Baptismo, o Espírito Santo não está mais para vir. Ele está radicalmente presente no ponto de partida da vida cristã, mesmo se a tomada de consciência desta presença só acontece mais tarde, quando a criança, tornada adulta, ratificar as exigências dessa presença. O Espírito já está nele; ele é efectivamente morada da Santíssima Trindade. Por isso, a santidade não é uma escalada em direcção a um pólo longínquo, inacessível. A santidade cristã é-nos dada inicialmente, na sua plenitude, no dia do nosso Baptismo.

O baptizado torna-se o berço, o cenáculo da Santíssima Trindade. Segue-se daí que, rigorosamente falando, precisamos não de nos tornarmos santos, mas de deixarmos que a santidade de Deus nos envolva. Pelo Baptismo, recebemos o Espírito de santidade; o que é preciso é desenvolver as suas riquezas latentes.No decurso da nossa vida cristã, cada sacramento alargará o raio de acção do Espírito que já está em nós. Cada sacramento é um curso de água que brota da fonte baptismal. É uma fonte com água sempre a nascer. O nosso baptismo é uma fonte da Santíssima Trindade, sempre a jorrar. Nós dizemos que imprime "carácter", quer dizer: é um sacramento permanente, sempre em actividade. Não é necessário nem tem sentido baptizar-se uma segunda vez.

Quando recebemos o sacramento da Confirmação, o bispo diz: "Vais receber o Espírito Santo". Ele poderia acrescentar: "vais receber o Espírito Santo que já tens." Trata-se, não de receber um suplemento do Espírito Santo, mas de uma confirmação desta presença, ou melhor, de confirmar e de assumir esta presença. Pelo baptismo recebe-se o Espírito Santo todo. O Espírito Santo não se recebe aos bocadinhos, por esmola. O Espírito Santo entrega-se todo. Ele é o grande dom do Pai.Na liturgia do Pentecostes, são numerosas as orações em que se pede ao Pai que envie o seu Espírito, como se ele ainda não tivesse sido enviado. Mas, na verdade, não se trata de pedir que o Espírito Santo venha, mas sim de pedir que o deixemos actuar na nossa vida. A fome faz sentir a necessidade do pão. Se não se tem fome, podemos morrer à míngua com a dispensa cheia. O Espírito permanece em nós: somos nós que, sob a acção conjugada da graça e da nossa liberdade, lhe damos uma nova possibilidade de acção.Quando a acção do Espírito se intensifica em nós, não é o Espírito que acorda e volta, como um vulcão que de vez em quando entra em erupção depois de um longo sono; nós é que despertamos diante da sua presença e, sob o impulso da sua graça, por uma fé acrescida, nos abrimos a uma esperança renovada, uma caridade mais viva.Diz-nos o Livro dos Reis que, habitualmente, o Espírito Santo entra na nossa vida como uma brisa suave, de que mal nos apercebemos, como aconteceu com Elias. Elias esperava a vinda do Senhor com grande alarido, como um terramoto ou como um incêndio, ou como um temporal como contavam as teofanias do Antigo Testamento. E Ele veio como uma brisa suave, de qual mal se dá conta. Libermann diz que devemos ser como uma leve pena ao sopro do Espírito. Esta presença do Espírito Santo manifesta-se na vida da comunidade e na vida pessoal de cada um. Na vida de comunidade pelos seus dons e carismas e na vida pessoal de cada um pelos seus frutos.

2. Os dons do Espírito Santo

O Espírito Santo é Alguém que está continuamente na Igreja, que não intervém só nos momentos mais importantes da vida da Igreja ou das pessoas, que não se revela só em manifestações extraordinárias, mas que habita nas pessoas de forma permanente. A Igreja é como um templo onde mora o Espírito Santo: "Fomos baptizados num só Espírito para sermos um só corpo" (1 Cor. 12, 13). É Ele que constrói assim uma morada pelo Espírito: "Já não sois estrangeiros nem emigrantes, mas concidadãos dos santos, membros da casa de Deus, edificados sobre o alicerce dos Apóstolos e dos Profetas, tendo por pedra angular o próprio Cristo Jesus.

É nele que toda construção, bem ajustada, cresce para formar um templo santo no Senhor. É nele que também vós sois integrados na construção para formardes uma habitação de Deus pelo Espírito" (Ef. 2, 19-22). A comunidade é o templo do Espírito Santo: "Não sabeis que sois templos de Deus e que o Espírito Santo mora em vós?" (1 Cor. 3, 16; 6,19; 1 Cor. 6, 16). É aqui que entram os dons e os carismas de que fala S. Paulo e que são os elos por onde passa a comunhão ou seja, o Espírito Santo: o dom de governar, de ensinar, de anunciar o Reino, de discernir, de curar, de profetizar.Quanto a estes dons do Espírito Santo, é preciso concentrar a nossa atenção não nos dons mas no Doador. O grande dom é o Espírito Santo. Os dons e carismas não são mais que o brilho do Espírito Santo, que é o dom por excelência, o dom que encerra todos os dons. Não podemos separar o Espírito Santo dos seus dons, como não podemos separar o carinho ou a ternura de um pai ou de uma mãe do próprio pai ou da própria mãe. Deus suscita não só a fé e os carismas, mas concede ainda o dom por excelência, o próprio Espírito Santo. O Espírito Santo não dá esmolas, dá-se a si mesmo.

Os dons são fruto desta presença. Os dons do Espírito Santo são para o doador o que os raios do sol são para o sol: não se identificam com Ele, mas não existem sem Ele.O valor de uma comunidade cristã não depende de quem a evangeliza mas do Espírito Santo que nela habita. Este Espírito é comunicado a todos os membros da comunidade, embora para uma missão diferente. Um semeia, outro, rega, outro monda e outro colhe. Mas todos são baptizados no mesmo Espírito. Este Espírito revela-se em cada um com serviços, carismas e actividades diferentes, pois é desta colaboração de todos que se faz a comunidade.

Uns têm o dom de governar, outros de ensinar, outros de profetizar e outros de curar. É como num corpo vivo, onde cada membro tem uma função própria. Esta função é um dom do Espírito, que é o mesmo em todos. Por isso, esta diversidade em vez de dividir, une. Ela está unida pela raiz: dela nasce algo de novo, um corpo novo, que é a comunidade cristã. Num corpo vivo há membros para respirar, membros para alimentar, membros para mover, membros para pensar, membros para amar, etc. Quem é que pensa dispensar algum destes membros?É por estes carismas e dons que se vê se o Espírito Santo está vivo nas comunidades. O Espírito Santo desperta em cada um os dons e as qualidades que são necessárias para edificar a comunidade cristã. Todos conhecemos pessoas, umas mais dotadas para dirigir a comunidade, outras para animar a liturgia, outros para colaboração missionaria ou para visitar doentes ou para acolher os que chegam de fora, outros para ajudar quem precisa.

São dons que o Espírito Santo distribui por todos, pois todos são necessários para construir uma Igreja viva. É como na construção de uma casa: é preciso um arquitecto, um engenheiro, um mestre-de obras ou pedreiros, pintores, estucadores, electricistas, canalizadores, sem falar nos que fabricam o cimento, as tintas, os azulejos, etc. Na construção da Igreja é a mesma coisa. Os carismas em geral são qualidades que as pessoas têm e que o Espírito do Senhor consagra com a sua graça. Eles são sopros de Deus e esse sopro é a caridade que é a maneira de ser de Deus. Eles são ordenados para o crescimento da comunhão.

3. Os frutos do Espírito Santo

Quanto à presença do Espírito Santo em cada um, são os seus frutos que revelam na nossa vida o verdadeiro rosto do Espírito Santo. S. Paulo fala destes frutos várias vezes, ao longo das suas cartas. Ele multiplica os textos para mostrar que, de facto, o Espírito Santo tem a sua morada no coração de cada um.

Temos efectivamente várias listas dos frutos do Espírito Santo. Nenhuma delas é conclusiva. S. Paulo semeia os frutos do Espírito Santo pelas diversas comunidades, conforme a situação em que cada uma vivia. Mas é claro, estas listas são listas abertas. As listas valem como exemplo e não pretendem ser exaustivas. O que os caracteriza a todos é que são o oposto ao espírito do mal.Aos Gálatas, S. Paulo apresenta a lista mais completa. É quando fala da justificação pela fé que Paulo desenvolve a luta entre a carne e o espírito, mostrando os frutos tanto da carne como os do Espírito (Gal 5, 16-17 e 23,-25; Rom 7, 5-6). E entre os frutos do Espírito ocupa o primeiro lugar o amor.O grande fruto do Espírito é o amor. O amor é mais que simples primeiro de uma enumeração: ele é o princípio gerador e englobante de todos os outros frutos: Porque Deus é amor e o amor de Deus chama-se Espírito Santo. Quem ama cumpre toda a Lei (Rom 13, 8). É o amor que faz a santidade do cristão. O amor de que se fala aqui é aquele que Deus espalhou nos nossos corações pelo Espírito que nos foi dado comunicação da santidade de Deus (Rom 5,5). É este Espírito que nos faz filhos de Deus: Ama e faz o que quiseres repetia Santo Agostinho.Todos os outros frutos, a paz, a alegria, a paciência, a amabilidade, a bondade, a fidelidade, a modéstia, o domínio de si mesmo (Gal 5, 2) são frutos do amor. Estes frutos são resultado de uma colaboração entre a graça e a liberdade. Os frutos distinguem-se dos dons do Espírito Santo, pois os dons são diferentes segundo as pessoas, os frutos são idênticos para todos. Nem todos na Igreja podem ser apóstolos, profetas ou doutores, mas todos podem colher os frutos do Espírito Santo.

Os frutos do Espírito Santo têm uma relação estreita com Cristo: O que permanece em mim terá muito fruto, diz o Senhor (Jo 15, 5). Ou seja, revelam o rosto de Cristo. A oração do cristão não é senão a incorporação na atitude orante de Cristo diante do Pai; quando um cristão sofre é Cristo que entra em agonia e quando se alegra é a manhã da Páscoa de Cristo Ressuscitado que vem ao seu encontro.Estes frutos são certas qualidades que vemos nas pessoas e que nos fazem descobrir a presença do Espírito Santo nelas. A alegria, a paz, a bondade, de tal ou e tal pessoa são frutos do Espírito Santo. Quase podemos dizer que cada santo revela uma manifestação do Espírito Santo. O carisma dos fundadores dos institutos religiosos não é senão manifestações desse Espírito. S. Francisco e a bem-aventurança da pobreza, S. Luís de Gonzaga e a pureza do coração, Santa Teresa e a contemplação, S. Vicente de Paulo e a caridade, S. João de Deus e a hospitalidade, Teresa de Calcutá e os esquecidos das ruas, Cláudio Poullart des Places e os mais abandonados das sarjetas, Libermann e os escravos, etc. É nos santos que se revela o rosto do Espírito Santo. São eles que lavam a história. O Espírito Santo é, de facto, alguém que vive misturado connosco, que se confunde com os nossos irmãos.A caridade e o amor - todos os gestos de caridade e amor, todas as provas de ternura e afecto, quando neles não há egoísmo nem interesse, são obra do Espírito Santo. A família é o primeiro cenáculo do Pentecostes.A paz e todos os gestos de reconciliação, de perdão, de misericórdia e acolhimento, tudo o que é bem-aventurança do Reino de Deus acompanha a história dos homens. A história é, portanto, outro cenáculo do Pentecostes - a alegria e todos os gestos de partilha e de festa, de solidariedade e fraternidade, de unidade e comunhão, de louvor e acção de graças.O Espírito Santo desperta nas pessoas o louvor da Santíssima Trindade, a bondade e tudo o que é dar as mãos, compreender, ajudar, acolher, servir, acudir, partilhar. A paciência e tudo o que é respeito pelo outro, dar-lhe o tempo a que ele tem direito, respeitar os seus valores e o seu ritmo, são sinais que o Espírito do Senhor está lá.Vivemos hoje no mundo das novas tecnologias; nas comunicações, na informática, na genética, nas técnicas na robótica. Há hoje máquinas para tudo: para cozer, para lavar a roupa, para enviar mensagens, para marcar os itinerários, GPS, para fazer carros, etc.; só não há máquinas para amar, máquinas para consolar os tristes, máquinas para fazer companhia, máquinas para fazer justiça... senão o amor.Não há "chips" que substituam o Espírito Santo. Constroem-se hoje pontes que unem todas as distâncias, todos os continentes, todos os espaços, que vencem todos os abismos. Só não há pontes para perdoar, para unir dois corações desavindos, para lavar as nossas faltas e fazer do homem velho uma pessoa nova... a não ser o amor. Somos capazes de ir à lua e saber tudo dos planetas, conhecer todos os segredos das células, mas não sabemos nada sobre o nosso vizinho, sobre quem encontramos todos os dias no autocarro, sobre a vida de quem nos estende a mão.É o Espírito Santo que lava a história e faz dela o jardim onde Deus vem ter connosco todos os dias, pela brisa da tarde.

Pe. A. Torres Neiva C. S. Sp.

Só Jesus nos dá água viva!

Uma meditação sobre o encontro de Jesus com a samaritana...

Era meio-dia. Jesus caminhava da Judeia para a Galileia e passava pela Samaria. Cansado e com sede, parou no poço de Jacó e ali encontrou uma pobre samaritana pecadora. Os samaritanos eram inimigos históricos dos judeus e não falavam com eles. Mas Jesus pede àquela mulher que lhe dê um pouco d'água. Ela estranha: - Você é judeu!

Em troca Jesus lhe oferece uma "água viva", que quem bebe "não terá mais sede": "Se conhecesses o dom de Deus, e quem é que te diz: Dá-me de beber, certamente lhe pedirias tu mesma e ele te daria uma água viva" (João 4,10). "O que beber da água que eu lhe der jamais terá sede. Mas a água que eu lhe der virá a ser nele fonte de água, que jorrará até a vida eterna".

A mulher não entende e pensa que é uma água especial, e quer saber mais: "Senhor, dá-me desta água, para eu já não ter sede nem vir aqui tirá-la!". Então Jesus manda que ela chame seu marido. Ela lhe revela que não tem marido; e Jesus confirma: "Tens razão em dizer que não tens marido. Tiveste cinco maridos, e o que agora tens não é teu. Nisto disseste a verdade".

Jesus mostra a ela o seu estado de vida, mas não a condena, apenas faz ela meditar nisso, deixa que a sua consciência a esclareça. Que delicadeza! Que respeito!

Aquela mulher, certamente destruída na sua vida afetiva, marcada por muitos sofrimentos, reconhece que está diante de um profeta: "Senhor, disse-lhe a mulher, vejo que és profeta!..."

Amigavelmente, caridosamente, Jesus continua uma longa conversa com ela, abrindo-lhe o coração para Deus: Respondeu a mulher e chega até o Messias: "Sei que deve vir o Messias (que se chama Cristo); quando, pois, vier, ele nos fará conhecer todas as coisas". Então, Jesus se revela: "Sou eu, quem fala contigo".

Neste momento chegaram os discípulos que tinham ido a Sicar comprar alimentos, e "maravilharam-se de que estivesse falando com uma mulher"; e lhe pediam: "Mestre, come". Mas ele lhes dá uma lição que terão de viver mais tarde, disse: "Tenho um alimento para comer que vós não conheceis. Meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e cumprir a sua obra".

O alimento de Jesus é salvar almas, por isso Ele se esquece da fome de pão para dar àquela pobre mulher a água da vida eterna.

Enquanto isso a mulher foi à cidade e disse aos homens: "Vinde e vede um homem que me contou tudo o que tenho feito. Não seria ele, porventura, o Cristo?" Eles saíram da cidade e vieram ter com Jesus. E o evangelista São João, que assistiu tudo e narrou o fato, disse que: "Muitos foram os samaritanos daquela cidade que creram nele por causa da palavra da mulher, que lhes declarara: Ele me disse tudo quanto tenho feito. Assim, quando os samaritanos foram ter com ele, pediram que ficasse com eles. Ele permaneceu ali dois dias. Ainda muitos outros creram nele por causa das suas palavras. E diziam à mulher: Já não é por causa da tua declaração que cremos, mas nós mesmos ouvimos e sabemos ser este verdadeiramente o Salvador do mundo" (João 4,1-41).

É impressionante como através de uma pobre mulher, considerada pecadora, Jesus converte uma cidade. É o milagre do amor de Deus, que não exclui ninguém, mas tem predileção pelos destruídos pelo pecado. "Eu não vim para os sãos, mas para os doentes".

Me parece que aquela mulher foi buscar água ao meio dia, na pior hora do calor, talvez para não ser vista por outros. Talvez tivesse vergonha de se encontrar com outras pessoas que a criticassem... Mas, nesta hora Jesus a esperava. Ele marca um encontro com cada pecador no momento oportuno. E na sede do meio dia Ele o sacia com a água da vida, que jorra para a vida eterna.

Jesus fez a água da vida brotar no seio daquela pobre mulher, para que ela a levasse aos homens de Sicar. Não será isso que Ele quer fazer também connosco? Levar aos outros a água da salvação!

Mais tarde, em Jerusalém, no último dia da Festa dos Tabernáculos, que é o principal dia daquela grande festa, Jesus de pé disse em voz alta:

"Se alguém tiver sede, venha a mim e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura: Do seu interior manarão rios de água viva (Zc 14,8; Is 58,11). Dizia isso, referindo-se ao Espírito que haviam de receber os que cressem nele, pois ainda não fora dado o Espírito, visto que Jesus ainda não tinha sido glorificado" (João 7,37-39).

É Jesus quem nos dá essa Água Viva, o Espírito Santo, que santifica a nossa vida, e nos faz feliz. O mundo está repleto de águas poluídas, que não matam a sede e ainda nos envenenam, e muitos são enganados. Deus precisa de homens e mulheres dispostos a levar esta água a todos.

Deus disse pela boca de Jeremias: "Porque meu povo cometeu uma dupla perversidade: abandonou-me a Mim, fonte de água viva, para cavar cisternas fendidas que não retém a água" (Jer 2, 13).

Não podemos nos deixar enganar, só Jesus pode nos dar a água viva, o Espírito Santo, que traz a nós seus dons (sabedoria, ciência, inteligência, conselho, fortaleza, piedade, temor de Deus) e seus frutos (paz, amor, alegria, bondade, mansidão, paciência, autocontrole... Gal 5,22). E nós devemos levá-la aos outros.

Prof. Felipe Aquino

Os Evangelhos são verdadeiros?

Muitos, por desconhecerem as fontes seguras da nossa fé, perguntam: "são de fato os Evangelhos históricos, ou será que foram 'inventados' pela Igreja?"

Da sua parte, a Igreja não tem dúvida de que os Evangelhos são rigorosamente históricos. É o que nos diz a Constituição Apostólica Dei Verbum, sobre a Revelação divina:

"A santa mãe Igreja firme e constantemente creu e crê que os quatro mencionados Evangelhos, cuja historicidade afirma sem hesitação, transmitem fielmente aquilo que Jesus, Filho de Deus, ao viver entre os homens, realmente fez e ensinou para a salvação deles, até o dia em que foi elevado" (DV, 19).

Sabemos que os originais (autógrafos) dos Evangelhos, tais como saíram das mãos Mateus, Marcos, Lucas e João, se perderam, dada a fragilidade do material usado (pele de ovelha ou papiro).

Entretanto, ficaram-nos as cópias antigas desses originais, que são os papiros, os códices unciais (escritos em caracteres maiúsculos sobre pergaminho), os códices minúsculos (escritos mais tarde em caracteres minúsculos) e os lecionários (antologias de textos para uso litúrgico).

Conhecem-se cerca de 5236 manuscritos do texto original grego do Novo Testamento, comprovados como autênticos pelos especialistas. Estão assim distribuídos: 81 papiros; 266 códices maiúsculos; 2754 códices minúsculos e 2135 lecionários.

a) Os papiros são os mais antigos testemunhos do texto do Novo Testamento. Estão assim distribuídos pelo mundo:

Número Conteúdo Local Data (Séc.)

p1 Evangelhos Filadélfia (USA) III

p2 Evangelhos Florença VI

p3 Evangelhos Viena (Áustria) VI/VII

p4 Evangelhos Paris III

p5 Evangelhos Londres III

p6 Evangelhos Estrasburgo IV

p7 Atos Berlim IV

Em resumo, existem 76 papiros do texto original do Novo Testamento. Acham-se ainda em Leningrado (p11, p68), no Cairo (p15, p16), em Oxford (p19), em Cambridge (p27), em Heidelberg (p40), em Nova Iorque (p59, p60, p61), em Gênova (p72, p74, p75),...

Desses papiros alguns são do ano 200, o que é muito importante, já que o Evangelho de São João foi escrito por volta do ano 100. São, por exemplo, do ano 200, aproximadamente, o papiro 67, guardado em Barcelona.

Há mais de duzentos códices unciais, espalhados por Moscou (K 018; V 031; 036); Utrecht (F 09); Leningrado (P 025); Washington (W 032); Monte Athos (H 015; 044); São Galo (037)...

Desses dados é fácil entender que a pesquisa e o estudo dos manuscritos do Novo Testamento não dependem de concessão do Vaticano, pela simples razão que a sua maioria não está em posse da Igreja. Só há um código datado do século IV, no Vaticano. As pesquisas sempre foram realizadas independentemente da autorização da Igreja Católica.

Os manuscritos bíblicos são manuscritos da humanidade; muitos foram levados do Oriente, por estudiosos e outros interessados, para as bibliotecas dos países ocidentais, onde se acham guardados até hoje.

Como vimos, existem hoje mais de cinco mil cópias manuscritas do Novo Testamento datadas dos dez primeiros séculos. Algumas são papiros dos séculos II/III. O mais antigo de todos é o papiro de Rylands, conservado em Manchester (Inglaterra) sob a sigla P. Ryl. Gk. 457; do ano 120 aproximadamente, e contém os versículos de Jo 18,31-33.37.38.

Ora, se observarmos que o Evangelho de S. João foi escrito por volta do ano 100, verificamos que temos um manuscrito que é, então, cópia do próprio original.

As pequenas variações encontradas nessas cinco mil cópias são meramente gramaticais ou sintáticas e que não alteram o seu conteúdo. Os estudiosos, estudando este grande número de manuscritos antigos, concluem que é possível reconstruir a face autêntica original do Novo Testamento, que é o que hoje usamos.

Prof. Felipe Aquino

QUANDO COMEÇA E TERMINA O ANO LITÚRGICO?

O ano litúrgico compreende o ciclo de todas as celebrações, que também chamamos de tempo. Ao contrário do que possam pensar, estes ciclos não obedece o calendário civil como conhecemos.

Os ciclos ou tempos litúrgicos compreendem toda construção do anúncio da vinda do Messias, seus sinais, pregações, morte e ressurreição.

Pode-se dizer que o ano litúrgico é o "calendário litúrgico" em que a Igreja celebra o mistério da salvação na pessoa de Jesus Cristo.

  • Tempo do Advento
  • Tempo do Natal
  • Tempo Comum (Primeira parte)
  • Tempo da Quaresma
  • Tríduo Pascal
  • Tempo Pascal
  • Tempo Comum (Segunda parte)


Os ciclos litúrgicos também estão divididos para as leituras dos Evangelhos. Cada ano é alternado pelas leituras, para esta divisão usa-se as letras do alfabeto.

Desse modo o primeiro ano, é o A, que corresponde ao Evangelho de São Mateus. O ano B, corresponde ao Evangelho de São Marcos. O Evangelho de São Lucas refere-se ao ano C.

· Ano A - Evangelho de São Mateus

· Ano B - Evangelho de São Marcos

· Ano C - Evangelho de São Lucas

O Evangelho de São João é reservado para dias solenes e é proclamando em todos os anos dos três ciclos.

AS CORES USADAS NOS TEMPOS LITÚRGICOS

As cores também são de extrema importância dentro da liturgia. Também dentro da simbologia cristã, as cores representam cada tempo.

As principais cores utilizadas nos tempos litúrgicos são:

  • Verde
  • Roxo
  • Branco

Existem outras cores, como por exemplo o Vermelho que é utilizado em dias festivos, como Pentecostes ou em alguma solenidade dedicado aos santos Mártires.

As cores litúrgicas, usada nas celebrações, devem obedecer as normas do Missal ou o que for estabelecido pela Conferência dos Bispos.

A cor VERDE irá representar a esperança, o tempo de uso desta cor no calendário litúrgico é o COMUM. Já ao cor ROXA é usada em dois momentos.

O roxo será usando no ADVENTO no sentido de recolhimento que prepara os caminhos do Senhor. Outro momento do uso da cor roxa é no tempo QUARESMAL, neste tempo sim, o sentido é penitencial e de conversão.

Já a cor BRANCA será usada no período do NATAL e também no período da Pascoa. A cor DOURADA também pode estar presente nestes mesmos tempos.

8 conselhos dos santos para amar a Eucaristia

A Igreja sempre destacou a presença real do Senhor no Santíssimo Sacramento e por vários séculos incentivou o amor a este grande milagre de Deus.

A seguir, 8 conselhos dos santos sobre a Eucaristia:

1. Santo Tomás de Aquino

"A Eucaristia produz uma transformação progressiva no cristão. É o Sol das famílias e das Comunidades".

2. Santo Agostinho

"Senhor, você alegra minha mente de alegria espiritual. Como é glorioso teu cálice que ultrapassa todos os prazeres provados anteriormente".

3. São Francisco de Assis

"Quando não posso participar da Santa Missa, adoro o Corpo de Cristo com os olhos do espírito através da oração, o qual adoro quando vejo na Missa".

4. Santo Afonso Maria de Ligório

"Ficai certos de que todos os instantes da vossa vida, o tempo que passardes diante do divino sacramento será o que vos dará mais força durante a vida, mais consolo na hora da morte e durante a eternidade. E seremos mais recompensados por 15 minutos de adoração na presença de Jesus Sacramentado do que em todos outros exercícios espirituais realizados durante nosso dia".

5. São Francisco de Sales

"A oração, unida a esse sacrifício divino da Missa, tem uma força inexplicável; de modo que através deste sacrifício a alma fica cheia de favores celestiais como apoiada sobre seu Amado".

6. Santa Maria Goretti

"A Santa Eucaristia é a perfeita expressão do amor de Jesus Cristo pelo homem, é a essência de todos os mistérios da sua vida".

7. São Luís Maria Grignion de Montfort

"Antes da Comunhão... suplica a esta bondosa Mãe para que empreste seu coração para receber nele o seu Filho com suas mesmas disposições".

8. Santa Teresa D'Ávila

"Depois de receberem o Senhor, sua pessoa real está diante de nós, procurem fechar os olhos do corpo e abrir os da alma e olhá-lo com o coração".

Fonte: https://www.acidigital.com/noticias/8-conselhos-dos-santos-para-amar-a-eucaristia-60840/

Sete chaves para ler e conhecer a Bíblia

Primeiro passo para conhecer a Bíblia é ler a própria Bíblia

Você tem Sete Chaves que abrem o seu coração para ler a Bíblia de forma libertadora, agradável e correta. Estas chaves são fáceis de se encontrar, pois elas estão simbolizadas em seu próprio corpo.

Com as "Sete Chaves" você encontra a Palavra de Deus que está na Bíblia e na vida e entenderá melhor o sentido escondido atrás das palavras.

Veja só:

1. Pés: Bem plantados na realidade

Para ler bem a Bíblia é preciso ler bem a vida, conhecer a realidade pessoal, familiar e comunitária do país e do mundo. É preciso conhecer também a realidade na qual viveu o Povo da Bíblia. A Bíblia não caiu do céu prontinha. Ela nasceu das lutas, das alegrias, da esperança e da fé de um povo (Ex 3,7).

2. Olhos: Bem abertos

Um olho deve estar sobre o texto da Bíblia e o outro sobre o texto da vida. O que fala o texto da Bíblia? O que fala o texto da vida? A Palavra de Deus está na Bíblia e está na vida. Precisamos ter olhos para enxergá-la.

3. Ouvidos: Atentos, em alerta

Um ouvido deve escutar o chamado de Deus e o outro escutar o seu irmão.

4. Coração: Livre para amar

Ler a Bíblia com sentimento, com a emoção que o texto provoca. Só quem ama a Deus e ao próximo pode entender o que Deus fala na Bíblia e na vida. Coração pronto para viver em conversão.

5. Boca: Para anunciar e denunciar

Aquilo que os olhos viram, os ouvidos ouviram e o coração sentiu a palavra de Deus e a vida.

6. Cabeça: Para pensar

Usar a inteligência para meditar, estudar e buscar respostas para nossas dúvidas. Ler a Bíblia e ler também outros livros que nos expliquem a Bíblia.

7. Joelhos: Dobrados em oração

Só com muita fé e oração dá para entender a Bíblia e a vida. Pedir o dom da sabedoria ao Espírito Santo para entender a Bíblia.

Regras de ouro para ler a Bíblia

1. Leia-a todos os dias

Quando tiver vontade e quando não tiver também. É como um remédio, com ou sem vontade tomamos porque é necessário.

2. Tenha uma hora marcada para a leitura

Descobrir o melhor período do dia para você e fazer dele a sua hora com Deus.

3. Marque a duração da leitura

O ideal é que seja de 30 a 40 minutos, no mínimo, por dia.

4. Escolha um bom lugar

É bom que se leia no mesmo lugar todos os dias. Deve ser um lugar tranqüilo, silencioso que facilite a concentração e favoreça a criação de um clima de oração. Se, num determinado dia, não se puder fazer o trabalho na hora marcada e no lugar escolhido, não faz mal. Em qualquer lugar e em qualquer hora devemos ler. O importante é que se leia todos os dias.

5. Leia com lápis ou caneta na mão

Sublinhe na sua Bíblia e anote no seu caderno as passagens mais importantes, tudo o que chamar a sua atenção, as coisas que Deus falou ao seu coração de modo especial. Isto facilita encontrar as passagens quando precisar delas.

6. Faça tudo em espírito de oração

Quando se lê a Bíblia faz-se um diálogo com Deus; você escuta, você se sensibiliza, você chora. É um encontro entre duas pessoas que se amam.

"Quando oramos falamos a Deus. Quando lemos as Sagradas Escrituras é Deus quem nos fala."

POR PROF. FELIPE AQUINO

Fonte: https://www.veritatis.com.br/sete-chaves-para-ler-e-conhecer-a-biblia/

SACRAMENTO DA CONFIRMAÇÃO - CRISMA


O sacramento da confirmação ou do crisma - unção - como também é conhecido, também está entre os sacramentos da iniciação cristão, como o Batismo e a Eucaristia. Perceba, este sacramento está ligado a uma confirmação, daquilo que já recebemos no batismo, porém agora, com uma maior maturidade. Os sacramentos que são sinais da graça de Deus, ministrada por sua Igreja, constituem elementos próprios para cada ocasião de nossas vidas. Logo o sacramento da confirmação, agora como adultos na fé, somos chamados a reafirmar aquilo que antes fora prometido por pais e padrinhos no batismo.

SACRAMENTO DA CONFIRMAÇÃO

Devemos considerar um fator preocupante, um fenômeno social e religioso que nós católicos precisamos enfrentar. Se em 1940 os católicos chegavam a mais de 90% da população brasileira [1] hoje, embora sejamos considerados a maioria [2], não podemos negar o grande avanço de outra religiões protestantes ou tidas evangélicas [3]. E isto é fator que a cada ano vem-se aumentando entre a população. O fato é que precisamos entender o que está havendo.

Podemos, mesmo sem nenhum teor de pesquisa, sugerir elementos como uma má formação catequética entre nossos jovens, escândalos que envolvam religiosos e sacerdotes, e diga-se de passagem que uma má formação sacerdotal pode também implicar em uma má condução do rebanho católico. Além de um outro fator que tenho observado, elementos ateus em bancos universitários que contribuem para confundir já aqueles que não tiveram uma boa formação sobre a fé católica. E infelizmente todo esse processo atinge mesmo aqueles que já "confirmaram"(?) sua fé. No entanto, acredito que a reflexão, a busca por respostas e até mesmo as dúvidas inquietantes, podem ajudar a construir um bom entendimento da fé, é preciso conhecer para saber, para amar e para ter fé.

"Eu creio para compreender e compreendo para crer melhor. (Santo Agostinho, sermão 43)"

Este despreparo está se tornando tão evidente que no ano de 2011 o Bispo Don Javier Delvalle, foto a esquerda, da cidade de Campo Mourão no estado do Paraná, adiou o sacramento do crisma para mais de 50 jovens, por despreparo [4]. Pode haver ainda, outros casos e em diferentes esfera sacramentais que possam dar alertas de má formação catequética e que infelizmente não são filtradas.

Então vem a pergunta, "Quem está confirmando?" e "O que se está confirmando?". O sagrado "perde" seu valor, dando lugar a um momento meramente festivo, como que um baile de debutantes.

O sagrado "perde" seu valor, dando lugar a um momento meramente festivo, como que um baile de debutantes. É importante ressaltar o que diz o Diretório Geral Para Catequese com relação a atualidade que enfrentamos:

Não falta, além disso, um certo número de cristãos batizados que, infelizmente, escondem a própria identidade cristã, ou por causa de uma errônea forma de diálogo inter-religioso ou por uma certa reticência em testemunhar a própria fé em Jesus Cristo na sociedade contemporânea (DGC §26).

SACRAMENTO DA CONFIRMAÇÃO

Este sacramento, como já mencionado, e participativo da iniciação cristã, já do batizado. Portanto para que se possa receber o Sacramento da Confirmação, ungidos pelo óleo, o crisma, o candidato deve já ser um batizado, um membro do corpo místico de Cristo.

Com efeito, "pelo sacramento da Confirmação [os fiéis] são vinculados mais perfeitamente à Igreja, enriquecidos de força especial do Espírito Santo, e assim mais estritamente obrigados à fé que, como verdadeiras testemunhas de Cristo, devem difundir e defender tanto por palavras como por obras". (CIC, §1285)

Existem casos em que logo após receber o Sacramento do Batismo o batizado já recebe a unção do Sacramento da Confirmação, ainda é uma tradição nas igrejas orientais unidas a Roma (cf. CIC §1290).
A confirmação implica em admitirmos que a fé ensinada pela Igreja é de fato o anúncio da verdade revelada por meio de Jesus Cristo que é pedra angular (S. Mt 21, 42) e edificador da Igreja (S. Mt 16,18).
No entanto para que se possa chegar a este entendimento, o que será confirmado na fé, deve ter uma boa preparação, como lembra em audiência geral o Papa Francisco, em 29 de Janeiro de 2014, se referindo a este sacramento:

Naturalmente, é necessário oferecer aos crismandos uma boa preparação, que deve ter em vista levá-los a uma adesão pessoal à fé em Cristo e despertar neles o sentido da pertença à Igreja. [5]

OS CONFIRMADOS - UNGIDOS

Ungidos, confirmamos nossa adesão por Jesus Cristo. Adquirimos uma maior intimidade com Jesus e sua Igreja. A exemplo de Jesus que também foi marcado pelo Batismo e pela unção do Espirito Santo (S. Lc 3, 15-22). Marcados pelo selo do Espirito Santo, como o próprio Cristo, somos convidados a servir da mesma forma a comunidade cristã, no anuncio do Evangelho e da Igreja.

Cristo mesmo se declara marcado com o selo de seu Pai. Também o cristão está marcado por um selo: "Aquele que nos fortalece convosco em Cristo e nos dá a unção é Deus, o qual nos marcou com um selo e colocou em nossos corações o penhor do Espírito" (2Cor 1,21-22; Cf Ef 1,13; 4,30). Este selo do Espírito Santo marca a pertença total a Cristo, o colocar-se a seu serviço, para sempre, mas também a promessa da proteção divina na grande provação escatológica. (CIC §1296)

A celebração do Sacramento da Confirmação, dentro do rito romano, têm justamente o foco na responsabilidade batismal, nos convidando a confirmar e renovar as promessas conferidas no dia do batismo.

Quando a Confirmação é celebrada em separado do Batismo, como ocorre no rito romano, a liturgia do sacramento começa com a renovação das promessas do Batismo e com a profissão de fé dos confirmados. Assim aparece com clareza que a Confirmação se situa na seqüência do Batismo. Quando um adulto é batizado, recebe imediatamente a Confirmação e participa da Eucaristia. (CIC §1298)

O Sacramento da Confirmação envolve de maneira mais intima a unção do Espirito Santo que atribui ao confirmado seus dons. A luz da Sagrada Escritura, o Magistério da Igreja ensina que o Espirito Santo confere os sete dons iniciados pelo Batismo e agora de forma ampla ao confirmado, são eles:

  • Sabedoria
  • Inteligência
  • Conselho
  • Fortaleza
  • Ciência
  • Piedade
  • Temor de Deus

Pela Confirmação, os cristãos, isto é, os que são ungidos, participam mais intensamente da missão de Jesus e da plenitude do Espírito Santo, de que Jesus é cumulado, a fim de que toda a vida deles exale "o bom odor de Cristo" (CIC §1294) Que o selo do Espirito Santo possa nos impulsionar em nossa missão ao serviço da Igreja de Jesus Cristo e no anúncio do Evangelho.

A cruz, sinal do cristão

Em síntese: Alegam as Testemunhas de Jeová que a Cruz é um símbolo pagão introduzido no século IV no uso dos cristãos. - Ora tal afirmação fere a documentação mais antiga do Cristianismo, a começar pelos textos bíblicos, que louvam e exaltam a Cruz de Cristo: Mt 10, 38; 16, 24; Mc 8, 34; Lc 9, 23; 14, 27; Gl 2, 19; 6, 12.14.

Logo nos séculos II/III temos notícia de que os cristãos se persignavam com o sinal da Cruz; ver Tertuliano, Hipólito, cujos textos são transcritos no corpo deste artigo. Os mártires se muniam com esse sinal antes de enfrentar a luta final.

Na arte cristã a sepultura dos Aurélios em Roma, onde aparece a figura de um homem apontando para uma cruz em atitude de respeito. Visto que a Cruz era instrumento de suplício dos malfeitores, os cristãos foram sóbrios em suas representações gráficas até o século IV; usavam os símbolos da âncora, do tridente e do T (tau) para indicar a Cruz de Cristo vitorioso. Somente após a conversão de Constantino (+ 337) a cruz deixou de ser patíbulo de condenação dos criminosos na vida do Império; tornou-se então unicamente o símbolo da vitória de Cristo e o sinal dos cristãos, reproduzindo de muitas maneiras na arte, na Liturgia, na piedade particular, na literatura (...).

As Testemunhas de Jeová negam que a Cruz seja o sinal do cristão, pois dizem que é um símbolo pagão em uso nos diversos pré-cristãos como ornamento ou como instrumento de suplício. Ademais afirmam que Jesus não foi pregado a uma cruz de braços, mas a um simples poste ou estaca (staurós). Além disto, asseveram que os instrumentos de tortura dos criminosos (lenho, pedra, espada, cordames...) eram enterrados como algo de abominável, que não deveria, de modo nenhum, ser venerado. Com estas sentenças, as Testemunhas querem criticar e condenar a estima que os cristãos, desde os tempos de São Paulo,¹ dedicam à Cruz de Cristo.

Vejamos, pois, com objetividade o que a história nos diz a respeito da Cruz.

No mundo pagão: a cruz

A cruz ocorre no uso dos povos antigos, seja como ornamento, seja como instrumento de suplício.

Ornamento

Na Assíria, certas imagens apresentam os reis, como, por exemplo, Assurnasirpal e Samsiramman, trazendo uma cruz pendente do pescoço. A cruz era o mais simples e natural dos ornamentos geométricos, pois consta apenas de duas linhas postas em transversal.

Também se usavam brincos em forma de cruz, pendentes das orelhas, como atestam alguns túmulos púnicos descobertos em Cartago. Ver p. 366, n.1.

No Egito usava-se o tau (em forma de T) portador de uma alça ou do sinal ank; podia pender de um colar. O símbolo ank foi tido como símbolo fálico - hipótese arbitrária que caiu em descrédito; parece que indicava o sol (pois tinha a forma arredondada), sol que era considerado como a fonte de toda a vida sobre a terra. Ver p. 366, n. 1.

Encontra-se também a cruz gamada ou a cruz svastika, de origem incerta. Muito espalhada entre diversos povos, parece ter sido um emblema religioso característico da raça indo-germânica. Simbolizava o sol. Os Vedas a chamam "a roda inflamada".¹

A Cruz de Malta também era frequente. Estava ligada ao culto do sol. Mais tarde, tornou-se símbolo do poder régio, visto que o sol é o rei dos astros e o mais benfazejo de todos.

Em suma, a cruz era um sinal muito espontâneo e polivalente entre os povos antigos, até mesmo no México e na América Central.

Instrumento de suplício

Originariamente a tortura dos condenados se fazia mediante uma estaca fincada na terra e terminada em ponta; chamava-se em grego staurós e em latim acuta crux.

Posteriormente, porém, (ainda antes de Cristo) acrescentou-se a essa estaca vertical uma trave horizontal, à qual era fixado o réu, seja mediante pregos, seja mediante cordas. A estaca era dita 'es em hebraico; nota-se, porém, que tal vocábulo foi traduzido, na versão dos LXX (200 a.C. aproximadamente) por xýlon dídymon, isto é, lenho duplo ou geminado (o que mostra que o instrumento usual já era a cruz de dois braços); cf. Js 10, 26s (a Bíblia de Jerusalém usa o termo árvore!).

Quando a cruz tinha dois braços, o posto vertical e maior já se encontrava fincado na terra; o supliciado levava o poste menor, ao qual era preso quando chegava ao lugar do suplício; essa trave era posteriormente suspensa ao lenho vertical.

Distinguiam os romanos a crux sublimis (de certa altura) e a crux humilis (menos alta), usual no caso em que o réu era também condenado a ser devorado pelas feras (ad bestias) enquanto pendia da cruz.

A trave menor transversal podia ter dois formatos:

- a furca, arqueada. O escravo condenado carregava a furca sobre os ombros, enquanto caminhava confessando em voz alta o seu delito. Esta penalidade costumava ser precedida pela flagelação, que em alguns casos era prolongada até matar o réu;

- o patibulum, ou seja, a trave com que se trancava a porta de casa. Era também posto sobre os ombros do condenado.

Muitas vezes acrescentava-se à trave vertical, o cornu, isto é, um pedaço de madeira, que era afixado ao poste vertical na altura, do traseiro do réu, a fim de que aí se apoiasse e não morresse tão rapidamente, vítima de asfixia.

Sabemos que muitos povos antigos costumavam punir os delitos mais graves com a morte de cruz. Os persas a utilizavam; o costume passou para o Império de Alexandre Magno, que em 331 venceu os persas, dando origem à cultura helenística, que recobriu o Império greco-romano. Os cartaginenses puniam os reis, nacionais e estrangeiros, com a cruz. Parece que foram eles que transmitiram o costume aos romanos, os quais, por sua vez, o fizeram chegar à Palestina nos tempos de Alexandre Janeu (67 a.C.), rei de Judá impregnado de cultura helenística. Os romanos aplicavam o suplício da cruz aos piratas, bandidos e rebeldes; era dito supplicium servile, porque, ocasionalmente aos cidadãos romanos, apesar dos protestos de Cícero.

Como se fazia a crucifixão?

Geralmente o réu condenado à crucifixão passava por dois tormentos prévios: era flagelado e carregava a furca ou o patibulum até o lugar da crucifixão. A haste vertical, como dito, já se encontrava fixa na terra ou era fincada pouco antes da execução do suplício; havia mesmo campos de hastas verticais à espera dos réus, que seriam suspensos depois de presos à trave horizontal.

Não se acha em nenhum texto da antiguidade a notícia de que o condenado levava a cruz inteira. Esta façanha seria muito difícil ou mesmo impossível, dado o peso da cruz e visto que o réu já estava debilitado pela flagelação anterior. Até um homem sadio e forte teria dificuldade em realizar tal façanha, que de resto poderia levar muito tempo. Donde se vê que a expressão "carregar a cruz" é uma figura de linguagem (sinédoque), que mencionava o todo implicado por uma de suas partes.

O "caminho da cruz" era seguido por populares, que escarneciam o réu.

Chegando ao lugar do suplício, o condenado era fixado à trave horizontal deitada por terra e, a seguir, erguido e preso à trave vertical. Se esta fosse muito alta, os carrascos usavam cordas ou escada. Os pés do réu eram presos à haste vertical mediante cordas ou pregos. Há autores que supõem tenha havido um suporte ou suppedaneum de madeira debaixo dos pés, a fim de evitar a morte rápida por asfixia violenta devida ao peso do corpo suspenso pelos braços.

Os réus crucificados podiam sobreviver longamente, às vezes durante um dia e uma noite ou até durante três dias.

A causa imediata da morte era a asfixia. O sangue não conseguia chegar ao cérebro através do organismo suspenso no patíbulo; concentrava-se nos pulmões e acabava impedindo as pulsações do coração. Os condenados à cruz era vigiados por soldados antes e depois da morte. Os cadáveres ficavam expostos na cruz às feras e às aves.

Podiam ocorrer ainda outras práticas no processo da crucifixão. Os judeus prisioneiros na guerra de 66-70, contra os romanos, foram crucificados em posições diversas. Em alguns casos, os réus pendiam da cruz, de cabeça para baixo. A outros se acelerava a morte mediante fogo, fumaça, fratura das pernas ou golpe de lança. Os cadáveres podiam ser entregues aos familiares que os pedissem.

A crucifixão de Jesus

Estes dados históricos contribuem para ilustrar o suplício sofrido por Jesus no Calvário.

1.Os antigos perguntavam por que o Senhor quis padecer tão doloroso tipo de morte. E apontavam razões diversas, entre as quais se destaca aquela que Lactâncio (início do séc. IV) apresenta: o Senhor quis recobrir com a sua morte extremamente dolorosa e ignominiosa, toda modalidade de morte que os homens possam experimentar; saibam todos que Deus feito homem já atravessou e santificou todas as angústias que afetam os homens (Instituições IV, 26), e abracem a sua cruz com ânimo confiante e esperançoso; quem padece com Cristo, ressuscitará com Cristo.

Outra razão clássica é o desígnio divino de "recapitular" tudo em Cristo (cf. Ef 1, 9s): o 2.º Adão quis percorrer o caminho do 1.º Adão para a morte, mas numa atitude de amor e entrega ao Pai, em resgate do desamor e da desobediência do 1.º Adão; o sinal negativo que marcava a morte e seus precursores (as dores da morte) foi assim convertido em sinal positivo; a morte tornou-se o caminho que leva a nova vida e não à ruína definitiva. Ademais, como o primeiro Adão pecou mediante o lenho proibido no paraíso, o segundo Adão quis fazer do lenho (da Cruz) o instrumento de resgate do primeiro Adão; o homem que se precipitou na morte mediante o lenho, encaminha-se para a plenitude da vida mediante o lenho (da Cruz).

2. Procuremos agora reconstituir os pormenores da crucifixão de Jesus.

É de crer que a cruz de Jesus fosse alta, pois, para oferecer-lhe a esponja com vinagre, os soldados tiveram que utilizar um caniço (cf. Jo 19, 20); os pés do Crucificado, portanto, deviam estar a 1 metro ou 1m 50cm acima do solo;¹ a parte enterrada no solo devia medir 1m de profundidade. A cruz de Jesus não devia ser a cruz commissa (em forma de tau, T), mas a crux immissa ou capitata (munida de um topo de madeira), pois a inscrição "Jesus de Nazaré, Rei dos Judeus" se achava acima da cabeça de Jesus (cf. Mt 27, 37; Lc 23,38; Jo 19,19). Isto quer dizer que a Cruz de Jesus tinha quatro extremidades.

Jesus deve ter carregado a cruz vestido, pois lemos em Mt 27, 31: "Depois de caçoarem de Jesus, despiram-lhe a capa escarlate e tornaram a vesti-lo com as suas próprias vestes, e levaram-no para O crucificar" (Mc 15,20). Depois de o crucificarem, os soldados repartiram entre si as vestes de Jesus (cf. Jo 19,23s). Assim procedendo, os romanos se adaptaram aos sentimentos de pudor dos judeus. Poder-se-ia daí concluir que Jesus pregado à Cruz não estava totalmente desnudo; todavia vários antigos escritores, atendo-se ao costume dos romanos, julgavam que Jesus esteve, sim sem veste alguma pregado à Cruz.

Jesus foi fixado primeiramente à trave horizontal da Cruz, que Ele carregara sobre os ombros; depois disto, foi erguido e preso à haste vertical já fincada no solo do Calvário. É de crer que se tenha aplicado um prego a cada mão e a cada pé, portanto quatro pregos, como os representava a antiga arte cristã até o século XIII. A crucifixão deve ter ocorrido não na palma da mão, mas no carpo de cada braço, parte mais resistente ao peso do corpo que pendia.

Jesus deve ter permanecido três horas pendente da Cruz antes de morrer. São Marcos (15,25) diz que Jesus foi crucificado "na terceira hora"; compreendamos, porém, que "terceira hora", no cômputo dos romanos (que Marcos adota), correspondia não a 60 minutos, mas ao período que ia das 9 às 12 horas da manhã.¹ São João dá a entender que Jesus foi crucificado à Sexta hora (Jo 19, 14), entendendo Sexta hora no sentido não dos romanos, mas dos judeus, que numeravam hora por hora a partir da primeira hora (correspondente às nossas seis horas da manhã).² Diremos então, conciliando Mc e Jo entre si, que Jesus foi crucificado no fim da terceira hora dos romanos, ou seja, perto da sexta hora (meio-dia) dos hebreus. E morreu à nona hora, conforme Mc 15, 34, isto é, no começo do período que ia das 15 às 18 horas nossas (o que equivale aproximadamente às nossas 3 horas da tarde).

A agonia de Jesus na Cruz não durou mais do que três horas aproximadamente, pois o Senhor estava extenuado pelos suplícios anteriormente padecidos (flagelação, coroação de espinhos, carregamento da cruz, além do suor de sangue no horto das Oliveiras).

Importa-nos agora considerar o modo como os cristãos consideraram a cruz nos primeiros séculos da Igreja.

O sinal da Cruz

1. Para as Testemunhas de Jeová, a Cruz de dois braços, como hoje a conhecemos, só começou a ser usada pela Igreja Católica no século IV. O acontecimento que terá deflagrado tal uso, dizem eles, é a pretensa visão da Cruz atribuída a Constantino Imperador em 28/10/312.³ Tal visão é tida como lendária pelas Testemunhas, de mais a mais que Constantino em 312 ainda era adorador do deus Sol, cujo emblema era a cruz.

Após esta visão de Constantino, os cristãos foram usando o símbolo da Cruz no intuito de facilitar aos pagãos o ingresso no Cristianismo, pois a Cruz era (dizem as Testemunhas) usual entre os cultores dos deuses.

2. Ora quem estuda a liturgia antiga, a arqueologia e a história, afirma tranquilamente que é falsa a teoria das Testemunhas. Existem documentos que comprovam o uso do símbolo da Cruz entre os cristãos muito antes do Constantino.

Assim, por exemplo, o escritor Tertuliano (+ pouco antes de 220) atesta:

"Quando nos pomos a caminhar, quando saímos e entramos, quando nos vestimos, quando nos lavamos, quando iniciamos as refeições, quando nos vamos deitar, quando nos sentamos, nessas ocasiões e em todas as nossas demais atividades, persignamo-nos a testa o sinal da Cruz" (De corona militis 3).

Dia ainda Hipólito de Roma (+ 235/6), descrevendo as práticas dos cristãos do século III:

"Marcai com respeito as vossas cabeças com o sinal da Cruz. Este sinal da Paixão opõe-se ao diabo e protege contra o diabo, se é feito com fé, não por ostentação, mas em virtude da convicção de que é um escudo protetor. É um sinal como outrora foi o Cordeiro verdadeiro; ao fazer o sinal da Cruz na fronte e sobre os olhos, rechaçamos aquele que nos espreita para nos condenar" (Tradição dos Apóstolos 42).

As Atas dos Mártires, por sua vez, dão a saber que os mártires se persignavam com o sinal da Cruz antes de enfrentar a luta final.

É também antigo o anagrama

Tal figura, que tem a forma de Cruz, exprime exatamente as virtudes atribuídas à Cruz pelos cristãos: Luz (Phos) e Vida (Zoé); cf. Jo 1,4.

3. É de notar também que já nos escritos do Novo Testamento a Cruz é símbolo de algo de muito valioso, ou seja, da virtude da penitência; esta consiste em dominar as paixões desregradas e sofrer por amor de Cristo e em união com Cristo. Seria preciso apagar muitos versículos do Novo Testamento para dizer que a Cruz é um símbolo introduzido no século IV na vida dos cristãos. Tenham-se em vista, por exemplo:

Mt 10,38: "Aquele que não toma a sua cruz e me segue, não é digno de mim". Cf. Mc 8, 34; Lc 9,23; 14,27.

Mt 16,24: "Disse Jesus aos seus discípulos: "Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me".

Gl 2, 19: "Pela Lei morri para a Lei, a fim de viver para Deus. Fui crucificado com Cristo".

Gl 5, 24: "Os que são de Cristo Jesus, crucificaram a carne com suas paixões e suas concupiscências".

Gl 6, 14: "Quanto a mim, não aconteça gloriar-me senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, por quem o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo".

O sinal da Cruz é o sinal dos cristãos ou o sinal do Deus vivo, de que fala provavelmente Ap 7, 2, fazendo eco a Ez 9,4:

"Um anjo gritou em alta voz aos quatro Anjos que haviam sido encarregados de fazer mal à terra e ao mar: "Não danifiqueis a terra, o mar e as árvores, até que tenhamos marcado a fronte dos servos do nosso Deus".

O fato de que a Cruz era instrumento de suplício dos malfeitores explica que não se encontre o símbolo da Cruz nos mais antigos monumentos cristãos. Todavia no hipogeu (sepultura subterrânea) dos Aurélios em Roma, datado de fins do século II ou começo do século III, acha-se um afresco que apresenta um personagem apontado respeitosamente o sinal da Cruz.

Durante os três primeiros séculos, que foram de perseguição aos cristãos, encontram-se na arte cristã alguns símbolos que lembram veladamente a Cruz. Assim, por exemplo, a âncora, que representava, ao mesmo tempo, a cruz e a esperança decorrente da Cruz (cf. Hb 6, 19):

A âncora se encontra nos recintos mais antigos das catacumbas romanas; está gravada em lápides de sepulcros ou pintada sobre monumentos que podem ser atribuídos ao século I.

O tridente, que tem semelhança com a Cruz, é um pouco menos antigo; foi símbolo dos cristãos assaz frequente nos três primeiros séculos.

O mesmo se diga da letra T, tau, que Clemente de Alexandria no século III chamava tou kyriakou semeiou typos, figura do sinal do Senhor (Stromateis VI 11).

Notemos ainda o símbolo resultante da sobreposição das letras gregas X e P:¹

Este monograma lembrava Cristo e a Cruz e foi representado no lábaro ou estandarte de Constantino. No fim do século IV, tomou a forma que mais lembrava a Cruz:

A conversão de Constantino ao Evangelho em seu leito de morte e a profissão de fé cristã dos Imperadores subsequentes fizeram desaparecer o suplício da Cruz. Esta se tornou então unicamente sinal da Paixão vitoriosa do Senhor. Conscientes deste seu valor, os cristãos ornamentavam a cruz com palmas e pedras preciosas.

Estes elementos de literatura, história e arte antiga atestam sobejamente que a Cruz, como símbolo cristão, é algo de genuinamente neotestamentário. Seu valor de sinal sagrado, típico do discípulo de Cristo, já é incutido pelos Evangelistas e por São Paulo. A vivência e a iconografia dos cristãos, desde o século I, deram a este símbolo sagrado um lugar de escol entre as expressões da fé cristã. Donde se vê que é totalmente descabida a teoria de que a Cruz é um símbolo pagão introduzido por influência do paganismo na Igreja e destinado a ser eliminado do uso dos cristãos. Rechaçar a Cruz de Cristo é rechaçar o símbolo da Redenção e da esperança dos cristãos.

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¹ 1Cor 1,18: "A linguagem da Cruz... para aqueles que se salvam, para nós, é poder de Deus".

Gl 6, 14: "Não aconteça gloriar-me senão na Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo".

1 Cor 1, 17: "(...) anunciar o Evangelho, sem recorrer à sabedoria da linguagem, a fim de que não se torne inútil a Cruz de Cristo".¹ As cruzes eram geralmente de pouca altura, de modo que as feras podiam atingir o cadáver. Mas, quando os juízes desejavam dar um castigo "exemplar", punham em relevo o crucificado, erguendo-o numa cruz alta.

¹ Os romanos dividiam o dia em quatro "horas" ou quatro períodos de três horas cada um: a 1ª. Hora (das 6h às 9h), a 3ª. Hora (das 9h às 12h), a 6ª. Hora (das 12h às 15h), e a 9ª. Hora (das 15h às 18h).

² Ver a parábola dos operários chamados à vinha em diversas horas do dia, conforme Mt 20, 1-16.

³ Narra-se que Constantino, tendo de enfrentar militarmente seu rival Maxêncio, viu nos céus uma cruz luminosa acompanhada dos dizeres: En touto nika (Por este sinal vencerás). Em consequência, Constantino colocou a sua pessoa e o seu exército sob a proteção do sinal salutífero da cruz e desbaratou Maxêncio numa batalha sobre a ponte Milvia.

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Revista: "PERGUNTE E RESPONDEREMOS"

D. Estevão Bettencourt, osb

Nº 351 - Ano 1991 - p. 364

POR PROF. FELIPE AQUINO

Entenda em 5 minutos por que os padres não se casam

Uma explicação clara e um testemunho emocionante de quem pratica o celibato


O bispo da diocese de Palmares (PE), Dom Henrique Soares da Costa, explica de maneira simples e clara a questão do celibato sacerdotal. Além disso, dá seu testemunho pessoal sobre o sentido mais profundo do celibato.  

"A linha de confim entre o bem e o mal passa no coração de cada pessoa"

Angelus de 23 de julho de 2017 - Tradução integral

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

A página evangélica de hoje, apresenta três parábolas em que Jesus fala às multidões sobre o Reino de Deus. Detenho-me sobre a primeira: A do trigo bom e do joio, que ilustra o problema do mal no mundo e destaca a paciência de Deus (Mt 13,24-30.36-43). Quanta paciência Deus tem conosco! Cada um de nós pode dizer: "Quanta paciência Deus tem comigo". A narrativa se desenvolve em um campo com dois protagonistas opostos. De um lado, o patrão do campo que representa Deus e semeia a boa semente; do outro, o inimigo que representa Satanás e espalha a erva daninha.

Com o passar do tempo no meio do trigo cresce também o joio e diante deste fato o patrão e seus servos têm atitudes diferentes. Os servos queriam intervir arrancando o joio, mas o patrão que está preocupado sobretudo em salvar o trigo se opõe à iniciativa dizendo: "Não suceda que, ao arrancardes o joio, arranqueis também o trigo" (v 29). Com esta imagem, Jesus nos diz que neste mundo o bem e o mal estão interligados, que é impossível separar-lhes e erradicar todo o mal. Somente Deus pode fazer isso e o fará no juízo final. Com suas ambiguidades e seu caráter compósito, a situação presente é o campo da liberdade, o campo da liberdade dos cristãos, onde se realiza o difícil exercício do discernimento entre o bem e o mal.

Neste campo, portanto, une-se, com grande confiança em Deus e na sua providência, duas atitudes aparentemente contraditórias: a decisão e a paciência. A decisão é a de querer ser o trigo bom - todos querem - com todas as próprias forças e se afastar do mal e de suas seduções. A paciência significa preferir uma Igreja que é fermento na massa, que não tem medo de sujar as mãos lavando os panos de seus filhos, em vez de uma Igreja de "puros" que pretende julgar antes do tempo quem está no Reino de Deus e quem não está.

O Senhor, que é a Sabedoria encarnada, ajuda-nos hoje a compreender que o bem e o mal não são identificados em territórios definidos ou em determinados grupos de pessoas: "Estes são os bons e estes são os maus". Ele nos diz que a linha de confim entre o bem e o mal passa no coração de cada pessoa, passa no coração de cada um de nós, isto é: Somos todos pecadores. Eu queria perguntar a vocês: "Quem não é pecador, levante a mão". Ninguém! Porque todos nós somos, somos todos pecadores. Jesus Cristo por sua morte na cruz e a sua ressurreição, nos libertou da escravidão do pecado e nos dá a graça de prosseguir numa vida; mas com o Batismo também nos deu a Confissão, porque precisamos sempre ser perdoados de nossos pecados. Olhar sempre e apenas o mal que está fora de nós significa não querer reconhecer o pecado que está em nós.

Depois, Jesus nos ensina uma maneira diferente de olhar o mundo, de observar a realidade. Somos chamados a aprender os tempos de Deus - que não são os nossos tempos - e o "olhar" de Deus: graças à influência benéfica de uma trepidante espera, o que era joio ou parecia ser joio, pode se tornar um produto bom. É a realidade da conversão. É a perspectiva da esperança!

Que a Virgem Maria nos ajude a colher na realidade que nos rodeia não apenas a sujeira e o mal, mas também o bem e o belo, a desmascarar a obra de Satanás, mas acima de tudo, a confiar na ação de Deus que fecunda a história.

*

Depois do Angelus

Queridos irmãos e irmãs,

Acompanho com apreensão as graves tensões e violência dos últimos dias em Jerusalém. Sinto a necessidade de exprimir um apelo à moderação e ao diálogo. Convido a unirem-se a mim na oração para que o Senhor inspire em todos propósitos de reconciliação e de paz.

Saúdo a todos, fiéis de Roma e peregrinos provenientes de diferentes partes do mundo: as famílias, grupos paroquiais, associações. Em particular, saúdo os fiéis de Munster (Irlanda); as Irmãs Franciscanas Elisabettine Bigie; ao coral sinfónico de Enna; aos jovens de Casamassima que desempenharam um serviço voluntário em Roma.

Meus pensamentos e meu encorajamento aos jovens participantes do "Cantiere Hombre Mundo" empenhados em testemunhar a alegria do Evangelho nas periferias mais difíceis nos vários continentes.

Desejo a todos um bom domingo. Por favor, não se esqueçam de rezar por mim. Bom almoço e até logo!

 Rezar é por-se à disposição de Deus

Entre os homens que não rezam, ou rezam pouco ou mal, há os que não creem na oração e pensam que outras ocupações os reclamam, mais urgentes e mais úteis; os que lhe atribuem um poder mágico e a "utilizam" para tentar obter a satisfação de seus desejos, mesmo os mais materiais, e há ainda os que bem que queriam rezar, mas pretendem não poder ou não saber fazê-lo. Em todos esses casos, parece que o homem não situa a oração em seu verdadeiro nível, o de uma ação da fé. Apaixonado pela eficiência - e algumas vezes à sua revelia -pensa a oração em termos de rendimento humano, condena-se a não compreender, e ainda menos a não viver uma vida de autêntica oração. Entretanto, o mundo moderno tem uma imperiosa necessidade de que os homens de técnica sejam também homens de adoração, sem o que a técnica os aprisionará e acabará por esmagá-los.

Certamente você não diz: "não vale mais a pena que eu diga a minha mulher que a amo, porque ela já sabe disso há muito tempo".

Nem tão pouco: é inútil que eu fale a Deus, ele sabe que o amo.

Certamente também você não costuma dizer: "não tenho mais tempo de ficar com minha esposa, de fazer-lhe carinhos, de beijá-la, mas que importa, é por ela que trabalho".

Assim, também não diga: não tenho nenhum minuto livre para rezar, mas não tem importância, ofereço meu trabalho, ele já é uma oração.

O amor reclama atos desinteressados, gratuitos. Se você ama, deve encontrar tempo para amar.

Rezar é parar. Dar tempo a Deus, cada dia, cada semana.

No mundo moderno, o domingo tornou-se o dia que cada um usa como quer, o dia que nos pertence. Todos se esquecem que ele é o dia reservado a Deus.

A noiva que recebe cada vez com menos frequência cartas do seu noivo, bem sabe que seu amor está em perigo.

Se você não se "corresponde" mais com Deus, seu amor está em perigo.

Se você não reza mais, não reconhecerá nem ouvirá mais Jesus Cristo falar com você em sua vida, pois, para vê-lo e compreendê-lo, é preciso olhá-lo e ouvi-lo em encontros diários.

Rezar é antes de mais nada, voltar-se para Deus. Se você não rezar mais, você se voltará para você mesmo.

Rezar é unir-se a Deus. Se você não reza mais, permanecerá só, e como para o homem e necessário um Deus, você se escolherá a si mesmo como deus.

Se você vive longe de Deus, progressivamente concluirá: vivo bem sem Ele.

Se você vive sem Ele, lentamente o esquecerá.

E se você o esquecer, acabará por crer que Ele não existe.

Aquele que procura sempre obter alguma coisa do ser amado, não é um enamorado, mas um comerciante.

Muitas vezes, sua oração não é senão um comércio com Deus... você quer que ela dê lucro...

 Frequentemente, rezar, para você, é pedir. Ora, rezar, antes de tudo, é apresentar-se desinteressadamente diante de Deus: "Pai Nosso, que estais no céu, santificado seja o vosso nome..."

Outras vezes, para você, rezar é receber. Ora, rezar é também oferecer. Oferecer a vida do Mundo, oferecer a própria vida, oferecer-se.

Na oração, se você não procurar obter "alguma coisa", ao menos você faz questão de registar alguma satisfação sensível. E, muitas vezes, decepcionado, você abandona seu trabalho: "não vejo resultado algum", "tenho a impressão de estar falando sozinho", "não estou sentindo nada."

Salvo graça especial, você não pode, mesmo, sentir nada na oração. Toda emoção vem dos sentidos. Ora, rezar é pôr-se em presença, em contato com Alguém que não é "sensível".

Você não poderá rezar com autenticidade, enquanto esperar satisfações sensíveis na oração.

Rezar, muitas vezes é aceitar se aborrecer diante de Deus.

Quando você estiver caindo de cansaço, cheio de responsabilidade e de preocupações, sobrecarregado de trabalho, atrapalhado por um horário incómodo, solicitado de todos os lados pelos outros, obrigue-se a parar e abandonar-se totalmente diante de Deus, aceitar inteiramente a ineficiência humana diante dele, "perder seu tempo" gratuitamente em sua presença.

Isso é realizar um ato de fé, de abandono e de amor, a base da oração.

É preciso querer rezar, e querer rezar já é rezar.

Procure estar na presença de Deus, tente ainda mais, tente durante todo o tempo que você resolveu dar à oração, e não diga nunca: "Não posso rezar", "não sei rezar", porque a decisão de recomeçar já é rezar.

De sua parte, a oração vale sobretudo pelo esforço que ela exige de você. Do lado de Deus, pela ação do Espírito em você.

Não sonhe com condições excepcionais para a oração. Não diga: "Se eu tivesse tempo", "Se eu tivesse sossego", "Se eu pudesse me isolar!"

Evidentemente, é preciso que você procure as melhores condições exteriores, mas, mesmo que você estivesse no deserto mais absoluto, no íntimo do silêncio mais profundo, o principal obstáculo permaneceria: você mesmo, e o mundo de ideias, de imagens, de sensações, de paixões,... que está dentro de você.

Você se distrai quando reza? O contrário é que seria excepcional. Por que obstinar-se em afugentar as suas distrações? Elas voltarão. Em vez disso, olhe-as de frente, quaisquer que elas sejam: graves preocupações, futilidades ou vulgaridades, ofereça-as a Deus em um gesto de louvor ou de perdão.

Não importam sua situação ou sua condição presente. Deus esperava você. Nunca ninguém está excluído da oração.

 Que diria você de um amor cuja expressão dependesse: da facilidade da digestão, do estado de sua sensibilidade, dos múltiplos êxitos ou fracassos humanos que pontilham a vida?

Que sua oração não dependa de suas disposições de momento, mas seja regular.

Deus está sempre presente, ama-o sempre e sempre espera você.

Experimente propor a vários artistas a execução da mesma obra, e as realizações serão bem diferentes.

Observe vários casais, e as expressões de seu amor serão múltiplas.

Assim, as formas de oração variam segundo a cultura, idade, e temperamento. Não despreze nenhuma delas, todas são válidas como meios, mas não esqueça nunca o seu fim comum.

Você peca com todo o seu ser.

Você ama com todo o seu ser.

O certo é que você reze com todo o ser.

Faça rezar seu corpo, sua alma, mas respeite em si a hierarquia dos valores e não dissocie o gesto do espírito.

Os filhos de uma mesma família não podem dar maior prazer aos pais, do que quando se reúnem para homenageá-los.

A oração comunitária é a oração litúrgica (oração pública da Igreja) não são um modo facultativo, mas a expressão normal dos filhos de Deus, vivendo em conjunto o mesmo destino de amor.

Para exprimir o amor, à medida que ele vai se aprofundando, há cada vez menos necessidade de gestos e de palavras e cada vez mais necessidade de silêncio.

Sua oração também se simplificará. Você não rezará menos profundamente se não tiver vontade de falar; ao contrário, você rezará mais, se tiver mais vontade de contemplar simplesmente e de amar silenciosamente.

Muitas vezes você se queixa de não ser atendido, e isso porque inverte os papéis. Você pede a Deus: que ele faça a sua vontade, que ele execute o seu plano, que se ponha ao seu serviço.

Rezar é exatamente o contrário. É pedir a Deus: que se faça a vontade dele, que seja executado o plano dele, que cada um de nós se ponha a seu serviço.

Não se trata de você fazer Deus mudar, de mandar em Deus, mas de você mudar, de se pôr sob sua dependência, sob sua moção.

Se você quiser ouvir música no rádio, é necessário que ele esteja ligado e sintonizado na estação certa.

Se você quiser pôr-se em contato com Deus, é preciso primeiro rezar, isto é, sintonizar com ele e permitir-lhe que lhe transmita sua graça e seu amor.

Nada é belo demais para se oferecer àqueles que amamos. Porque seu amor é infinito, o Pai não pode limitar seu presente às coisas da terra. Ele só dá o Infinito, é a Si mesmo que ele dá.

E é por isso que você não pode pedir a Deus: ganhar na loteria, passar nos exames, conseguir um aumento de salário...senão com a condição de acrescentar: "Se achardes, Senhor, que assim eu amarei mais, a Vós, e a meus irmãos os homens".

Tenha confiança. Confie sempre. Você sabe que o Pai não pode deixar de querer o seu bem. E também que, se não for bom para você que ele satisfaça o seu desejo, seu amor responderá, mas de modo diferente.

Deus precisa da sua oração, E ele só pode dar se você lhe pedir, pois ele respeita infinitamente a sua liberdade.

É Ele que, sem cessar, silenciosamente suplica a você. Atenda ao seu Amor.

Você pode fazer crescer o amor humano sobre esta terra.

Você pode mudar o Mundo, transformá-lo profundamente, mas nada poderá fazer se não rezar, porque rezar: é deixar a Vontade de Deus instalar-se progressivamente em você, em lugar da sua; é deixar o Amor de Deus invadir você, em lugar do seu amor-próprio, é, por você, introduzir o plano do Pai e seu Amor todo poderoso, entre os homens.

Rezar sincera e fielmente, é assegurar infalivelmente o seu sucesso e o bom termo do Mundo!

Retirado do livro: "Construir o Homem e o Mundo". Michel Quoist. Ed. Cléofas.

POR PROF. FELIPE AQUINO 22 DE MAIO DE 2017 CATEQUESE

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